terça-feira, 3 de agosto de 2010

Os padrões de beleza e no que isso me afeta

Como um amigo meu, o Francisco, postou no blog dele (www.aventuramomentanea.blogspot.com), escrever é tão natural quanto respirar, é uma necessidade fisiológica para nós. E, para satisfazer essa necessidade fisiológica, cá estou eu, meia-noite e meia, escrevendo esse post.

Acabei de ver “A Liga” (Band), um dos poucos excelentes programas da TV aberta brasileira, e o tema de hoje foi discutido com maestria. Qual o assunto abordado? A beleza.

A beleza sempre foi algo importante pra mim, o que não quer dizer que:

a) Eu seja/sempre tenha sido bonita;

b) Eu ligue totalmente para a beleza na hora de arranjar um namorado;

c) Concorde com os padrões, os excessos e a ditadura.

Lembra do post “YES, YOU CARE!”? Então, é mais ou menos daquele jeito que a beleza é importante pra mim: não é porque eu concorde com ela, é justamente o contrário! Não entendeu? É porque a partir do momento que aquilo me afeta, que eu me importo aquilo, isso é importante pra mim (o mesmo radical das palavras mostra o mesmo sentido... Ai, desculpa, momento “Sou aluna de Letras”).

Mas vamos por partes:

a) Até os sete anos de idade, mais ou menos, eu fui uma criança bonita. Dos sete aos treze, fui um desastre, e ser uma pré-adolescente feia, o que, infelizmente, é uma coisa bem comum, é uma das experiências mais traumatizantes que uma pessoa pode ter. Estou falando sério. Acredite ou não, mas as zoações e o desprezo que eu recebia no colégio entre os dez e doze anos me marcaram tão fundo que minha autoestima é abalada até hoje. Por que eu ainda sofro com o que um bando de babaquinhas fez comigo há uns seis anos atrás? Eu sei lá! Não escolhi isso! Na verdade, é que eu só descobri o efeito que aqueles idiotas tiveram em mim depois de um ensimesmamento sinistro. Isso é uma cicatriz profunda. Não é ignorando ela que ela vai desaparecer (eu sei que eu preciso de um psicólogo...). Esse “trauma” transformou minha vida numa espécie de gangorra: a minha autoestima pelo lado da beleza tava lá em baixo; logo, algo tinha que subir. Nesse caso, foi a minha dedicação aos estudos e minha autoestima pelo lado da inteligência. Na época não pensei nisso, mas vendo o meu subconsciente, foi algo mais ou menos assim: “Eu não sou bonita, mas pelo menos sou inteligente. Eles me humilham porque sou feia, mas posso humilhá-los porque são burros. É isso! Vou jogar na cara deles a minha inteligência.” E é por isso que sou meio prepotente com a minha cultura: em algum canto da minha mente, eu ainda sou aquela menina feia de 11 anos que se defende dando uma de Hermione. Impressionante como idiotas te marcam tanto, né? Aliás, boa parte das minhas marcas foi feita por idiotas...

b) Quem me conhece sabe: nunca fiquei com NINGUÉM por aparência. Tudo bem que se um cara for gente boa, mas muuuuuuito feio, “nem rola” (Line vai entender rsrsrsrsrs). Nesse caso, a aparência até conta, mas não é o fator decisivo/mais importante. Nosso corpo é apenas uma embalagem e você até pode comprar um produto pela embalagem, mas duvido um pouco que você saiba a qualidade da coisa só olhando pra sua aparência.

c) No programa que vi, uma psicóloga disse: “Beleza é sentir-se bem”. A frase faz todo o sentido, mas infelizmente não temos isso hoje. Temos uma ditadura de um padrão, que, acredito eu, deixou de ser o da mulher magra pra ser o da mulher gostosa bronzeada. Tudo bem que faz mais sentido ter esse padrão aqui no Brasil, onde várias mulheres são assim. A maioria das mulheres daqui não é magrinha e branquinha, como as modelos de passarela. A questão é: e quem tá fora do padrão? Não é bonito? Sou MUITO magra (44kg em 1,70. Não, não sou anoréxica nem bulímica. Sou magra de ruim, mesmo) e branquela; nem se eu quiser muito vou me encaixar nesse padrão “mulher brasileira gostosa”. Preciso me encaixar pra ser bonita? A pessoa pode se achar linda, mas a mídia a bombardeia direto com informações que só as pessoas de jeito X são bonitas, uma hora ela vai realmente começar a acreditar naquilo. E a autoestima vai pras cucuias.

Ontem saiu uma pesquisa que disse que os homens preferem as burras, porque se sentem ameaçados com o sucesso da companheira. E isso me lembra de uma coisa que talvez não tenha nada a ver pra vocês, mas tem pra mim: por que, geralmente, as super gostosas são burras? Por que acham que ter um corpo bonito vale mais do que estudar, logo passam mais tempo na academia que na faculdade? Por que sabem que homem gosta de mulher burra e de mulher gostosa, logo elas fazem o pacote completo? Não sei. Sei que não sou gostosa nem burra, logo, minhas chances de casar reduziram drasticamente agora.

Me mandem gatos de estimação XD

4 comentários:

  1. Concordo contigo.

    Escrevi, já há algum tempo, artigos que se encaixam, ora ou outra, em partes/tópicos dos seus comentários.

    Sobre os idiotas (escrevi num dia de fúria, por isso, peço que não se assuste por certa dose de "sangue nos olhos"): http://condedegranada.blogspot.com/2010/02/o-idiota.html

    Sobre "Padrões": http://condedegranada.blogspot.com/2010/03/as-loucas-escolhas-de-deus.html

    Beleza Feminina: http://condedegranada.blogspot.com/2009/06/uma-bela-mulher-e.html

    Beleza: http://condedegranada.blogspot.com/2009/06/beleza-exterior-corrompida-felicidade.html

    Previno-lhe que boa parte dos artigos não estão com o português lá muito "limpo." Não porque eu não saiba... Mas, é porque tenho o mau costume de não corrigir o que escrevo, além do que, escrevo rápido demais. As idéias fluem e a mão digita como pode...

    Além do que, o tempo me falta, e urge...

    Respeitosos cumprimentos,

    D.

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  2. Nossa, Ju, eu não sabia que a sexta série tinha te causado tanto mal assim... Mas aquela gente era (ou talvez ainda seja) babaca mesmo!

    Eu acho que essa frase do "beleza é sentir-se bem" é slogan de alguma propaganda aí, só não lembro qual. Acho que é do Dove, que fazia aquela campanha pela real beleza.
    Eu achei super legal a iniciativa da empresa, se lembra das propagandas?! Eles usaram mulheres com as mais diferentes aparências: gordinhas, magrinhas, altas demais, baixas demais, gente "na média" em tudo, ruivas, morenas, loiríssimas, negras, asiáticas. O importante era se sentir bem da maneira que é.
    Mas você acha que isso vai colar?! Não colou né. Tanto é que a propaganda não passa mais. Mas se TODAS as empresas/marcas fizessem o mesmo tipo de campanha, dessem um incentivo da mesma maneira, talvez, só talvez, o padrão de beleza mudasse, o padrão deixasse de existir, o padrão fosse ser você mesmo.

    Na época que eu era fissurada no twitter (parece que isso foi invenção dos anos 80 já né... rs) comecei a seguir a Tyra Banks, porque acho que ela realmente valoriza a pessoa por dentro, mesmo sendo uma diva; e ela estava fazendo uma campanha chamada B.I.O., que aqui no Brasil ganhou o nome de B.I.E.: "Beleza Interior e Exterior". Sei que o objetivo dela era espalhar isso pelo mundo... Cara, se ela juntar mais celebs pra isso, pode realmente conseguir algum avanço! Porque, cara, é a Tyra!!!! hahahahaha
    Enfim, alguém tem que fazer alguma coisa pra quebrar os padrões, mas não é um só alguém, tem que ser um conjunto de "alguéns", entende?!

    Bom, vou parar de divagar... rs

    X

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  3. Sempre lembro da propaganda da Dove... Mas é uma contra um milhão. Ou melhor: é a Dove e a Tyra contra seis bilhões! E concordo com vc, tem que ser um conjunto de alguéns - ou cada um individualmente mesmo.

    Para o Conde de Granada: estou no segundo período de Letras e pretendo ser revisora de textos. Se você quiser, pode me passar seus textos por email para eu revisá-los.
    Ps: adorei seus textos!!

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  4. Obrigado pelo bondoso e gentil comentário que fez em meu blog.

    Sobre homem/macho e mulher/fêmea, li outro dia esse interessante e provocativo texto do Rev. Caio Fábio: http://www.caiofabio.net/2009/conteudo.asp?codigo=05321

    Fico feliz, feliz mesmo, ao saber que tenha gostado. Mas, como eu disse, a qualidade literária deles (e dos poemas) é duvidosa. Tenho vontade, mas não muito talento (e jeito) para a coisa... Um dia, quem, sabe eu "transborde" (expressão de Nodier: "leia, leia, leia e transborde"), porque ler, leio muito, além da conta... Enquanto isso, vou tentando, escrevendo e enchando a vida de "etc".

    Abraço,

    D.

    P.S.- Ontem à noite, no MTV Debate, do Lobão, o "nerdíssimo" (êta neologismo!) PC Siqueira (acho é isso) compareceu...
    P.S.S- Vai ser revisora? Legal! Vai ler a bessa; aliás, vai ler tudo antes de chegar as prateleiras. Tenho uma amiga que foi revisora da Saraiva.

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