quarta-feira, 27 de outubro de 2010

You can get it if you really want it

De repente você descobre que quer muito algo. Algo talvez inatingível, ou quase impossível de se obter. Mas você quer mesmo assim. Você se imagina com aquilo. Você é então um vencedor, no melhor estilo Rocky Balboa subindo as escadas. Já sonha com tudo de positivo que aquilo vai te trazer.

Aí você se lembra que tem um looongo caminho a percorrer.

Eu estou no começo da minha vida nerd, e jogar é uma coisa tão divertida pra mim que pretendo trabalhar em alguma coisa relacionada a isso – mas relacionada a Letras também. Pensei em começar como revisora de revista de jogos, o que seria extremamente útil: acho que não são muitas as pessoas que gostam de jogos e de encontrar erros em textos alheios. Conversando com um amigo nerd, ele falou que eu poderia tentar ser roteirista de jogos, e acho que a faculdade de formação do escritor possa ajudar. Pensei em como começar, já que a minha carreira de escritora ficcional se resume a 3 contos – “A solidariedade do brasileiro”, “O ladrão da felicidade” e “Édipo moderno”, um conto de terror psicológico que é meio impublicável (se alguém quiser, me siga no Twitter - @ju_liana_lopes - e me mande uma direct message com o seu email que eu mando o conto). Conversando com a Bella, pensei em começar por fan-fictions, mas não tenho nenhuma ideia de fanfic boa pra escrever.

Aí eu me lembro que tenho um longo caminho a percorrer.

Não sei nada de jogos. Resumidamente, sei o que aprendi com a Bella nas inúmeras viagens de ônibus, sei um pouco do que lia nas revistas do meu pai e... é isso. Mas eu tô me esforçando para aprender mais. Indo pra casa da Bella ontem para – adivinha! – jogar “Kingdom Hearts - Re: Chains of Memories”, encontrei um colega – também nerd – que há muito não via. Conversando sobre jogos, eu disse: “Ah, eu acho que eu já tô meio velha pra começar a jogar...”. Ele respondeu: “O tio de um amigo meu se viciou por jogos aos 60 anos e ele joga bem pra caramba!”

Então é isso. Me vejo jogando o dia inteiro - ou lendo sobre jogos o dia inteiro - e ganhando dinheiro pra isso. Me vejo tal como Rocky Balboa comemorando no topo da escadaria, mas vai demorar pra chegar lá. Bem, não tenho pressa...

O "Oi" que mudou minha vida - parte 1

Eu me lembro nitidamente dos meus pensamentos naquele momento, naquele nosso primeiro contato. Era minha segunda semana de aula no primeiro período da faculdade e quase dava pra sentir fisicamente meu desespero por fazer alguma amizade. Havia chorado a primeira semana inteira. “Minha turma é muito fechada, ninguém fala com ninguém”, dizia a quem quisesse ouvir. Hoje, sei que não fui a única e que boa parte das minhas colegas de turma também se esvaiu em lágrimas no começo do semestre.

Eu estava no ponto de ônibus, ao lado de uma senhora negra com trancinhas e de uma jovem loura. Perguntei à senhora que horas eram. 11h20, ela me respondeu. O ônibus estava atrasado. Minha memória falha em algum momento, e eu não lembro por que nós três começamos a conversar; o fato é que começamos. Como conversa de elevador. A quantidade de palavras não importa, o conteúdo era vazio. Mera função fática, mero desejo de estabelecer contato.

Ela então chegou ao ponto, mas não dei muita atenção. Continuei minha troca de palavras vazias, até que o ônibus finalmente chegou. Despedi-me da senhora e da jovem; eu e ela entramos no ônibus.

Pela sua aparência, diria que tinha entre 18 e 20 anos. Pelas roupas (All Star, jeans e camiseta), que tinha uma possibilidade de ela estar indo para a mesma faculdade que eu. O medo de abordar uma total desconhecida era grande, mas a cara de pau era maior ainda. Estava no momento “Sim, senhor”, no momento “Não deixe que o medo de perder impeça você de jogar”. Por causa desse pensamento, perdi inúmeras coisas que nunca voltarão, mas, nesse caso, ganhei de forma imensurável. Pensei, antes de dar o oi que mudaria a minha vida: “Eu não a conheço. O que você tem a perder? Vá em frente.” E eu fui.

- Oi, você tá indo pra PUC? – perguntei, ao cutucar o seu ombro.

- Ahn-hã.

Ela tirou sua bolsa do banco ao lado e eu me sentei.

Perguntei seu nome (Isabella), idade (19), curso (Design – mídia digital), em qual período ela estava (3º). Ela me perguntou isso de volta (Juliana, 17, Letras, 1º período). A conversa fluiu de forma impressionante para duas pessoas que nunca tinham se visto. Ela me falou da sua vida no colégio, na faculdade, discutimos religião (um assunto que eu não discuto nem com pessoas que eu já conheço há anos), falamos de tudo um pouco.

Aquele foi o último dia que chorei por causa da faculdade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mini coisas esdrúxulas: meu pai e essa madrugada

Ontem, conversando com a minha irmã, descobri que eu tenho a quem puxar na minha bizarrice. Ontem, a Bella e o Fefo foram lá em casa pra podermos zerar "Kingdom Hearts" e eu consegui, finalmente, ver o final do jogo (descobri que estava MUITO PERTO do final quando travei na batalha...). Enfim. Minha irmã me disse que meu pai escutou a minha voz no quarto e perguntou: "Sua irmã está falando sozinha?" Segundo a Gi, isso não é a primeira vez que ocorre. Semana passada, quando a Carol foi lá em casa, meu pai fez a mesma pergunta. E quando eu estou conversando no telefone também!!

A segunda mini coisa esdruxula foi essa madrugada. Fui dormir às 20h pra poder acordar às 02h30 pra fazer um trabalho dizendo por que Arnold Hauser considera o modernismo da primeira metade do século XX como a era do cinema. Acordei na metade da madrugada, estava lá fazendo o meu trabalho com a cabeça quase caindo no teclado de tanto sono, e então a campainha toca (gente, isso não é obra de Clarice Medeiros, ocorreu de verdade!). Às 03h da manhã! Como nunca recebemos visitas a essa hora, fiquei morrendo de medo. Sim, eu sou medrosa MESMO, e, para ter uma noção, só comecei a dormir de luz apagada neste ano. Quando escutei a campainha, meu coração disparou. Depois, escutei o telefone tocando. Aí depois eu descobri que era só a minha tia que tinha chegado de São Paulo, depois de uma viagem de 8h de ônibus.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nerdiossexualismo

Special thanks to: Fabrizzia (sim, aquela do texto “Fabrizzia e outras aleatoriedades”), que, numa carona, me deu mais inspiração para escrever esse texto.

A expressão-título foi criada pelo PC Siqueira (se você não o conhece, em que mundo vives?) num dos seus vídeos e eu achei genial, porque me identifiquei totalmente. Ao contrário do que possa parecer, não é um tipo de opção sexual; você pode ser homo, bi ou heterossexual e ser um nerdiossexual ao mesmo tempo.

Ok, mas o que é um nerdiossexual?

É um nerd que nunca faz sexo, ou que faz sexo uma vez a cada três, quatro anos. Por quê? Porque o nerd tem coisas mais importantes pra fazer, como jogar. Não sou inteiramente nerdiossexual nesse aspecto: primeiro porque não me refiro exatamente a sexo, é mais ficar mesmo; segundo porque não deixo de ficar com as pessoas porque jogo. Como disse o PC, os nerdiossexuais são seres que preferem encontrar companheiras que gostam das mesmas coisas estranhas que eles – tipo dinossauros e Pokémon. E na verdade, eu acho que é por causa disso que um nerd demora tanto para arranjar uma namorada. Tudo bem que a cada dia mais meninas jogam e gostam de coisas de nerds (ou então sou só eu que estou fazendo mais amizades com nerds...), mas mesmo assim ainda demora um pouco pra encontrar. E como uma perfeita nerdiossexual, eu também prefiro namorar alguém que goste dos mesmos jogos que eu, até mesmo porque daria pra pessoa passar as fases mais difíceis pra mim *__* Ok, isso não é um argumento válido; eu já tenho a Bella pra fazer isso por mim. Mas enfim: também compartilho desse desejo de encontrar alguém  que goste das mesmas coisas que eu para eu não me sentir uma total alienígena quando falar dessas coisas com esse alguém. Pô, eu já me sinto um alien durante boa parte do meu dia (ou pelo menos até encontrar a Tüppÿ, a Bella ou o Fefo), eu tenho que me sentir confortável com a pessoa que pretende ser minha companheira.

Então, eu assumo, orgulhosamente: EU SOU UMA NERDIOSSEXUAL!

Terminei meu último namoro há ... pausa para fazer contas ... exatos cinco meses, e ainda não fiquei com ninguém. E, pelo andar da carruagem, não vou ficar tão cedo. No início – tá, não foi só no início, foi até algumas semanas atrás –, eu tava meio OH GOD EU PRECISO DE UM COMPANHEIRO, mas depois que vi esse vídeo relaxei total. Sou uma nerdiossexual; daqui a uns dois ou três anos aparece alguém.

Outra coisa esplêndida desse vídeo é a questão da cerveja. Sou muito parecida com o PC Siqueira. Não, não sou vesga e não tenho uma Lola pra mim (infelizmente), mas, além de ser nerdiossexual, eu odeio cerveja. Acho muito ruim mesmo, imagino que guaraná com xixi deva ter um gosto semelhante. Muitas pessoas me dizem: “Ah, cerveja é questão de costume. No início ninguém gosta, mas é só você ir bebendo para se acostumar.” Gente, qual o probleminha de vocês? Por que se condicionar a beber algo que você não gosta? Aprovação social? Nesse caso, como diria Patolino, vocês são dessssprezíveis. E como disse o PC também: quer coisa mais idiota e repugnante que pessoas que colocam no nick do MSN: “UHU, festa hoje! Vou beber muuuuuuuuuuuuuuito” ou “Pô, tô com a maior ressaca”. É fazer questão de dizer: eu bebo. Pra quê? Beber não é uma coisa da qual você deva se orgulhar. Se você bebe porque, por algum motivo bizarro gosta do gosto, beleza (eu já provei drinks alcoólicos deliciosos; minha questão é com cerveja). Mas se você bebe pra provar pros seus amiguinhos retardados que você é legal... você não tem personalidade.

Então também assumo: EU NÃO GOSTO DE CERVEJA!

Aiai, desabafos demais para um texto só. São 19h45, eu preciso dormir para acordar às 04h e estudar Arnold Hauser.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Momento Polishop


Então, lembra que eu tinha falado que a minha mãe faz caixinhas? Essa aí é da Audrey Hepburn, nas medidas 20x20x7 (20cm de largura e de comprimento e 7cm de altura) e tá só R$ 20! Numa loja, vocês não compram por menos de R$ 50. Vale a pena aproveitar, gente!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os perigos do romantismo

Estou estudando Eça de Queirós em Literatura Portuguesa II e, nesta semana, lemos um conto muito interessante dele – apesar de ser meio machista. Eça, aliás, era crítico ferrenho das mulheres. Sei lá, eu já desisti de criticar só as mulheres ou só os homens. Critico o ser humano.

Enfim. Neste conto, que se chama “No moinho”, D. Maria da Piedade é uma mulher casada com um homem enfermo que, por causa de sua doença, não pode fazer nada; logo, sua esposa faz tudo para ele. Os filhos que tiveram também são doentes e Maria cuida de todos como uma enfermeira mesmo. Sua lúgubre casa mais parece um hospital. Ela não tem ambições na vida: “Toda a sua ambição era ver o seu pequeno mundo bem tratado e bem acarinhado. Nunca tivera desde casada uma curiosidade, um desejo, um capricho: nada a interessava na Terra senão as horas dos remédios e o sono dos seus doentes.”

Tudo ia bem, tranquilo e inerte na vida de D. Maria da Piedade, até que Adrião, um primo de João Coutinho (seu marido), chega à casa. Um escritor de romances bem conhecido em Lisboa, acaba roubando um beijo dela e fascina D. Maria por “aquela seriedade, aquele ar honesto e são, aquela robustez de vida, aquela voz tão grave e tão rica.” Pela primeira vez, então, ela vislumbra, “para além da sua existência ligada a um inválido, outras existências possíveis.”

Você acha que a vida de D. Maria da Piedade era ruim? Nããão! Agora que vem a verdadeira desgraça!

De repente, ela se cansou da vida que levava e “refugiava-se então naquele amor como uma compensação deliciosa. Adrião tornara-se, na sua imaginação, um ser de proporções extraordinárias. Leu todos os seus livros. Estas leituras calmavam-na, davam-lhe como uma vaga satisfação ao desejo. Chorando as dores das heroínas de romance, parecia sentir alívio às suas.”

“Lentamente, esta necessidade de encher a imaginação desses lances de amor apoderou-se dela. Foi durante meses um devorar constante de romances. Ia-se assim criando no seu espírito um mundo artificial e idealizado. A realidade tornava-se odiosa. Vieram as primeiras revoltas. [...] Acreditava nos amantes que escalam os balcões, entre o canto dos rouxinóis: e queria ser amada assim.”

“O seu amor desprendeu-se, pouco a pouco, da imagem de Adrião e alargou-se, estendeu-se a um ser vago que era feito de tudo o que a encantara nos heróis de novela; era um ente meio príncipe meio facínora, que tinha, sobretudo, a força”

“A santa tornara-se Vênus.”

“E o romanticismo mórbido tinha penetrado tanto naquele ser, e desmoralizara-o tão profundamente, que chegou ao momento em que bastaria que um homem lhe tocasse, para ela lhe cair nos braços – e foi o que sucedeu com o primeiro que namorou. Por causa dele [...] deixa a casa numa desordem, os filhos sujos e ramelosos, em farrapos, sem comer até altas horas, o marido a gemer abandonado na sua alcova – para andar atrás do homem, um maganão odioso e sebento, de cara balofa. Pede-lhe dinheiro emprestado para sustentar a Joana, criatura obesa, a quem chamam na vila ‘a Bola de Unto’.”

Bem, Eça já disse tudo, que mais posso eu dizer? Ok, ele faz parecer que o lugar de mulher é cuidando do marido e dos filhos, mas a parte que nos alerta para os males do romantismo é genial! Óbvio que a situação é dramatizada, caricaturada; no entanto, é um excelente ponto de partida para a reflexão: o que o romantismo faz conosco?

Vou deixar que vocês pensem e me respondam.

Nerd, eu?

Algumas pessoas ainda confundem “nerd” com “CDF”. Nerd é aquele que adora jogos, animes, mangás, bonecos de ação, etc. – imagine o personagem de Steve Carell em “O virgem de 40 anos”. CDF é quem estuda muito, quem tira notas boas, quem não falta às aulas, etc. – imagine a Hermione, de “Harry Potter”. Sempre fui CDF, mas agora estou deixando um pouco de ser – e estou virando nerd. Até uns... 4, 5 meses atrás, toda a minha nerdice se resumia a gostar um pouco de “Star Wars”. Na gíria nerd, eu era totalmente noob. No entanto, isso está mudando.

Semana passada, no sábado, era para eu ler “Os Maias” o dia inteiro. Mas aí eu comecei a jogar “Kingdom Hearts 2” às 10h30 e só parei às 18h, quando encontrei o Sephiroth – um carinha que é muuuito difícil de matar. O recomendado para matá-lo é a partir do level 70, mas eu ainda tô no 53. Teoricamente, já dá pra matá-lo a partir do level 55, mas eu vou sofrer muito... O Fefo o matou no level 60, então eu quero matar o Sephiroth antes do level 60 pra provar pro Fefo que eu sou melhor que ele – o que eu acho que, ahn, não vai acontecer... Além disso, eu quero começar a frequentar eventos, fazer cosplay da Malévola (sim, a vilã de “A Bela Adormecida”, que também é uma das principais vilãs de “Kingdom Hearts 2”) e eu estou começando a colocar jogos no meu computador – mas, por enquanto, eu só tenho “Phoenix Wright”, no qual eu sou um advogado e tenho que defender vários acusados inocentes de assassinato.

O cúmulo da minha nerdice foi quando, vendo fragmentos de algum filme do “Final Fantasy”, disse pra Bella ao ver o Cloud e o Sephiroth (acho que eram eles): “UUUH... Eu pegaria...” (logo eu, que sempre achei tão deprimente garotos babarem pela Chun-Li. Ou pior: assistirem hentai. Tá, mas hentai realmente já é demais... Ah, para quem não sabe: hentai é anime pornô. Sim, existe isso). O pior foi que ela respondeu: “Eu também!” Por falar nela, é a Bella que está me transformando em nerd. Como aluna de mídia digital e fã de jogos, sempre que passamos nossas duas horas diárias dentro do ônibus, ela me conta as novidades tecnológicas e me coloca a par de gírias, histórias e coisas gerais relativas a jogos. E, como ela sempre fala dos jogos com uma empolgação contagiante, eu acabo me interessando.

E o que eu vejo nos jogos? Sei lá. Só sei que é um momento de descanso da minha mente. Eu não penso em nada, só em: “VAI, MORRE, BICHINHO MALDITO!! VAI, VAI, VAI... ÊÊÊ!! MORREU! Eu sou demais, eu sou demais, eu sou demais (enquanto faço a minha dancinha da vitória)”. Como eu penso demais, eu PRECISO descansar um pouco. Eu fujo da minha mente enquanto estou jogando.

É, estou virando uma nerd...

Social life

Nunca tive muita vida social, e, para ser sincera, não sei o porquê disso. No entanto, estou mudando essa realidade e estou socializando bastante ultimamente. Nesta semana, estava conversando com uma amiga da faculdade super parecida comigo, a Gaby, e disse que não estava a fim de ir pra casa, que preferia ficar na PUC sem fazer nada.

- Sem fazer nada, não! Socializando! Socializar é muito importante, eu sempre imagino aquelas barrinhas do “The Sims”... – respondeu a Gaby.

Aí eu pensei: nossa, socializar é tão importante quanto fazer suas necessidades fisiológicas, comer, arrumar a casa, descansar, se divertir e... o que mais tem no “The Sims”? Ah, não lembro. Mas já deu pra entender a ideia.

Eu ficava imaginando: “Para onde eu vou sair quando fizer 18 anos, já que não gosto de boates, não danço e não bebo?” Aí eu perguntei pra Tüppÿ, que tem 19 anos, o que ela faz pra se divertir: “Ah, eu vou ao cinema e vou a lugares bucólicos com os meus amigos, e aí imaginamos que vivemos no campo”. Tudo bem, eu não sou muito fã da natureza, não; quero dizer, faço tudo para salvá-la e tudo o mais, mas ir viver no meio da natureza, com mosquitos e bichinhos do gênero... não, obrigada. Enfim. Depois dessa conversa com a Tüppÿ, percebi que não precisava fazer o que todo mundo fazia para se divertir. Algumas pessoas até reclamam comigo: “Pô, Ju! Você não vai em festas, não bebe, nem nada... Aproveita a vida, menina!”. Bem, como eu vou aproveitar a vida fazendo coisas que eu não acho divertidas? Eu não sei dançar e nem tenho vontade de aprender; não bebo porque o gosto de álcool não me atrai nem um pouco; não vou a festas porque... bem eu quase não sou chamada para festas e, quando eu sou chamada, o que tem para fazer? Beber e dançar! Aí eu prefiro ficar em casa vendo “Comédia MTV” – é, ainda tem isso: festas geralmente são sábado à noite, justamente quando passa o único programa que eu vejo na TV. É sério, eu só vejo duas horas de TV por semana: “Comédia MTV” e “Quinta Categoria”. Tá, passa em outros horários, mas eu praticamente só posso ver no sábado.

E aí você me pergunta: “Ué, mas como você tá socializando, então?”

A faculdade é uma coisa maravilhosa, caros leitores. Se vocês ainda não estão nela e estão tristes pelo fim do colégio, não fiquem. Tá, as primeiras semanas podem ser um inferno, mas depois melhora bastante e você vai encontrar pessoas bem parecidas com você. E é assim que eu estou socializando. Indo ao shopping com a Gaby, descobri que ela é uma fã incondicional de Audrey Hepburn e é uma das poucas pessoas em Letras que gosta de literatura comercial. Num dos meus horários vagos, descobri que a Tüppÿ não bebe e que também se recusa a dançar – ou será que foi a outra Luiza que disse isso? Ok, não me lembro... A Carol S. veio aqui em casa ontem (a gente ia pra casa da Didi ver um romance; mas aí não achamos o filme e decidimos ver uma comédia. O DVD não passou e tivemos que ver “Mulan 2” =D) e ela disse que eu me perco no meu cérebro. É bem verdade, eu esqueço as coisas que ia falar, às vezes paro no meio da frase porque não consigo formular o resto... é bizarro ser eu. Por falar nisso – apesar de ser um assunto totalmente aleatório –, na faculdade, além das aulas, a gente tem que ter uma certa quantidade de horas extras em atividades complementares. Aqui em Letras na PUC são 210h – ou seja, coisa pra caramba! Logo, eu praticamente invento atividades para completar essas horas infinitas. Que tipo de atividade? Bem, o comum seriam palestras, exposições, mesas redondas e coisas do gênero. Eu já cadastrei atividades como o filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, uma palestra sobre Jung e, a minha “obra-prima” em termos de aleatoriedade: “O grande ditador” e a relação palavra/imagem. A Gaby diz que é como se eu tivesse uma matéria chamada: “Pegue qualquer coisa aleatória, dê seu jeito de relacionar com Letras e prove que isso vai ser importante para a sua vida acadêmica”. É, foi como eu disse: é bizarro ser eu. Mas confesso que também é bem divertido!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Clockwork Orange - Laranja Mecânica

Atenção: texto bem longo, com spoilers de “Laranja Mecânica”! Mas o filme é bom, mesmo já sabendo o que vai acontecer...


Há um tempo queria ver “Laranja Mecânica”, adaptação cinematográfica de Stanley Kubrick para a obra literária de Anthony Burgess. Mas, como esse filme nunca passava na rede Telecine ou, menos ainda, na TV aberta, nunca conseguia ver. Perto da minha casa só tem locadoras que alugam lançamentos e o computador do meu pai, o único aqui em casa com internet, é estupidamente lento para baixar uma música; eu não quero nem pensar nas drásticas consequências que sofreria ao baixar um filme... Fiquei com mais vontade de ver quando a professora Valéria levou um amigo seu, o professor Amaury dos Santos Neto, especialista em Burgess, para falar sobre “Laranja Mecânica” na aula de Literatura e Interfaces. Eu até ia ver esse filme na casa da Bella (estávamos pensando em fazer uma espécie de “Sessão Kubrick” por semana; já vimos “Dr. Strangelove” e começamos a ver “2001 – uma odisséia no espaço”), mas acabei não aguentando. O tédio foi mais forte que eu nesse feriado e decidi catar o filme no YouTube mesmo. Vi dublado (não achei legendado), desconfortavelmente instalada na frente de um lento computador que travou umas... ahn... 10 vezes no mínimo – e isso não é uma hipérbole! Enfim. Vamos à história.

Alex (acho que o sobrenome dele é Burgess – sim, o sobrenome do autor do livro também é Burgess) é um jovem de 14 anos, apesar de o Malcolm McDowell ter muito mais que isso quando o interpreta, que mata, rouba e estupra com seus amiguinhos – os “droogs”. É bem difícil de acreditar que ele é tão jovem primeiramente pelos seus crimes hediondos; em segundo, porque ele usa um vocabulário bem culto, apesar de ser estranhamente misturado com palavras de outras línguas. Bem, parando para analisar, também incorporamos palavras estrangeiras à nossa língua, desde lanche até abajur. Enfim. O estranho é que só ele e seus “droogs” usam esse vocabulário. Alex e seus amigos (olha, dá nome de desenho animado do Discovery Kids!) se vestem de uma forma bem incomum, com chapéus coco, macacões brancos e com uma espécie de cueca por cima da calça. Além disso, Alex usa cílios postiços num olho só.

O filme se passa numa sociedade distópica futurista. Aí você me pergunta: sociedade dis-o-quê? Uma sociedade utópica é uma sociedade que não existe, onde tudo é perfeito e onde todos vivem felizes. E porque ela é inviável? Porque cada um tem uma noção diferente de perfeição. A sociedade distópica é a utopia posta em prática: ou seja, ela vira uma ditadura. As três obras distópicas mais importantes são “1984”, de George Orwell (sim, você já ouviu falar dele! No primeiro vídeo do Gaiola das Cabeçudas, a primeira pergunta que satiriza o “Créu” é “Quem escreveu o livro “1984”? George Orwell/ George Orwell / George Orwell / George Orwell”); “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley (você também já deve ter ouvido falar dessa obra: o primeiro CD da Pitty e a música homônima, “Admirável Chip Novo”, são inspirados nesse livro); e “Laranja Mecânica”. O engraçado é que é um futurista meio retrô: como esse filme é de 1971, o futurismo de Kubrick é quase uma coisa Jetsons, com toques típicos da década de 60/70 – desde a decoração da casa de Alex até o fato de que ele escuta Beethoven em fitas cassete.

Depois de matar acidentalmente uma mulher, que espancou ferozmente, Alex é preso e, posteriormente, mandado pra uma espécie de... como vou explicar?... acho que seria uma espécie de “reabilitação mental”. Ele é submetido a ver cenas de violência extrema, enquanto suas pálpebras estão presas por grampos. Alex até gostaria de ver aquelas cenas, mas os médicos lhe deram um remédio que faz com que ele passe muito mal. Ele acaba então relacionando o enjoo forte com cenas de violência e sexo – ou seja, mesmo quando ele quer bater, roubar ou estuprar, começa a passar mal e não consegue. Depois de ser “comprovado” que ele realmente não conseguiria praticar mais atos de violência, Alex é liberado e volta à sociedade. No entanto, ele acaba se encontrando com pessoas que agredira de alguma forma e essas pessoas, obviamente irritadas com ele, o atacam de diversas formas.

E essa contextualização toda foi para chegar aqui: creio que a maior questão do filme é se é certo “desumanizar” alguém para que essa pessoa se ajuste aos padrões sociais. Em outras palavras: fazer esse tipo de lavagem cerebral numa pessoa e tirar todo o livre arbítrio dela, transformá-la numa pessoa boa por obrigação e não por vontade própria, para que ela possa conviver em sociedade sem ferir a mesma. Será que isso é “certo”? Eu tinha uma opinião até ver esse filme, depois mudei. Não acho que devamos aqui chegar a uma resposta definitiva; abrir espaço para a discussão é mais importante, na minha opinião, do que concluir com um ponto de vista.

Bem, outro ponto, que eu acho que é meio deixado de lado quando se estuda “Laranja Mecânica”, é a questão da “segunda chance”. OK, o Alex não se regenerou de verdade; mas imaginemos que tivesse. Além do espectador, ninguém sabia que ele ainda tinha aqueles pensamentos horrendos. No entanto, seus antigos “droogs” – que agora viraram policiais –, os seus pais (sou só eu que acho que o pai do Alex tem um quê de George McFly?), o velhinho bêbado que tinha espancado no início do filme e o escritor que tinha tido sua casa invadida pelo bando de Alex, nenhum deles perdoou Alex. Todos se vingaram de alguma forma, seja por violência física, seja por violência psíquica – às vezes, mais cruel que a física. E aí eu pergunto: se ele tivesse se regenerado, não ia ficar muito p. da vida e não ia querer voltar a violentar as pessoas?

Talvez quem não viu o filme não esteja entendendo como eu possa estar talvez defendendo um criminoso desses (mesmo que ficcional). Bem, não estou defendendo. Mas creio que ninguém nasce mau e que ninguém é 100% mau. Maldades são, do ponto de vista de boa parte da sociedade, coisas erradas. Maldades são erros. E quem não erra? Tudo bem, Alex extrapola. Alex gosta da violência. Alex tem probleminha. Mas o que eu queria parar para refletir é: e quem erra uma vez e é julgado e martirizado por um erro que cometeu e já se arrependeu há muito tempo? Não falo necessariamente de criminosos não. Erros comuns, mas que machucam do mesmo jeito. Precisa martirizar tanto o outro? Precisa martirizar tanto a si mesmo? Eu consigo imaginar que o trauma sofrido por cada uma das vítimas do Alex é grande. Mas bater nele, afogá-lo, torturá-lo... Não seria melhor tentar oferecer a paz a ele? Apesar do mal, faz o bem.

Desculpe se pareço defender o Alex, realmente não é minha intenção. Ou melhor, posso estar defendendo seus direitos, mas não justifico, nem concordo com, nem defendo suas maldades. Pelo contrário. Mas quem viu o filme sabe: Kubrick faz com que você fique com pena do rapaz, mesmo sabendo de todas as barbaridades cometidas por ele. Antes de me criticar, então, veja o filme =D

Então é isso. Por hoje é só pessoal (e começa a tocar a musiquinha do Looney Toones).

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Material Girl

Hoje eu fui na Taquara - o melhor lugar que eu conheço para fazer compras se você não tem muito dinheiro, mas gosta de comprar coisinhas legais mesmo assim - e veja as minhas aquisições e seus respectivos preços:


Blusa Preta com lacinhos rendados - $8,50 - brechó
Suspensórios cerejinha - $10 - feirinha
Blusa the taste of the fruit - $7,50 - brechó - não gosto de Crepúsculo não, mas assumo que achei essa blusinha com uma maçã mordida bem fofa
Brinco preto de zíper - $1 - feirinha - finalmente uma modinha legal!
Regata preta básica - $2,50 - brechó
Saia jeans - $5,50 - brechó

Aí abaixo vem mais coisa que eu não comprei hoje, mas vale a pena postar aqui: 





Vestido xadrez roxo - de $50 por $20 - Lojas Americanas

Porta copos Pequena Miss Sunshine - $8,50 - Loja do cinema do Shopping da Gávea - essa loja é meio carinha, mas é tão fofa que eu acabo abrindo exceção e comprando coisas lá. E sim: esse é o porta copos do texto "O ladrão da felicidade".

Ah, aguardem em breve fotos de caixinhas da Audrey Hepburn! Minha mãe, que é artesã, vai começar uma coleção sobre cinema e uma sobre autores. E o melhor: se você me conhece pessoalmente, pode pedir uma caixa sob encomenda! Além de Audrey Hepburn, minha mãe deve fazer caixas de Kubrick, Clarice Lispector, Machado de Assis e uma especial com autores de romance policial (Agatha Christie, Poe e Conan Doyle). E tem mais! O preço é super razoável - de $15 a $25! Numa loja, uma caixinha é uns $75...

Bem, tenho que ir, depois desse "momento Polishop". Beijos Beijos

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A solidariedade do brasileiro

Separem ficção da realidade... if you can...

Há uns dois anos atrás, vi no “Notícias MTV” uma crônica do Xico Sá que falava sobre a solidariedade do brasileiro. Você não acha o brasileiro solidário? Ande com o cadarço do seu tênis desamarrado por alguns minutos (uns 15 já estão de bom tamanho) e verá a quantidade de desconhecidos gritando para você: “Ei, seu cadarço está desamarrado!” “Moça, ó o cadarço!” “Ow, menina! Menina! MENINA! SEU CADARÇO!” O bizarro é que, se você estiver com a bolsa aberta ou com uma mancha enorme na calça, dificilmente as pessoas irão te avisar com tanta urgência assim. E, acredite, EU SEI QUE O MEU CADARÇO ESTÁ DESAMARRADO!! Estava usando o meu All Star que vai até a metade da canela, o cadarço daquilo é enorme! Eu teria que ser MUITO distraída para não reparar nos cordõezinhos de pano batendo insistentemente na minha perna.

Anyway. Eu tinha acabado de sair da casa da Bella, que fica a uns 15 minutos da minha casa, quando senti os cadarços do pé direito do meu tênis afrouxarem. Eu não podia parar para amarrá-los por três motivos:

1 – Estava com uma bolsa/pasta com 10 livros na mão direita (resultado de uma feira de trocas da faculdade; estava com obras tipo “The adventures of Sherlock Holmes”, “O que é literatura popular?”, “Almas mortas”, do Gogol, e “A insustentável leveza do ser”) e na esquerda estava segurando firmemente minha bolsa preta listrada cheia de bottons. Mentira, ela não é cheia de bottons não, tem só 4 – um da Emily the Strange (“Emily isn’t crazy, she’s mad”), um com o símbolo do All Star, um da Família Monstro (!!!) e um do Corvo (!!!!!!!).

2 – Para chegar à casa da Bella, preciso passar por um lugar meio punk; como sou bem medrosa nesse aspecto, não queria parar nem por um segundo, saí andando o mais rápido que consegui.

3 – Eu estava de saia, ou seja, não podia levantar meu pé para apoiar em algum lugar, teria que me abaixar – e como eu me abaixaria para amarrar os cadarços com duas bolsas e praticamente sem mobilidade se alguém me abordasse?

Tendo isso em mente, continuei com os meus cadarços desamarrados. Cerca de três minutos depois que saí da casa da Bella, um homem, ao passar por mim, me diz: “Ó, seu cadarço está desamarrado!” “Obrigada”, digo, sem conseguir ser antipática. Uns cinco minutos depois, vem o segundo: “PSSSSSIU! EEI! MOÇA! MOÇA!! SEU CADARÇO!” Como ele estava num carro, consegui ignorá-lo. E ignorando esse, cometi um erro: apertei meu passo e encontrei com dois homens mal encarados. Um estava com uma bermuda com desenhos abstratos, uma camisa vermelha e um boné; o outro, com (atenção no look) uma blusa branca encardida listrada e uma bermuda xadrez. Só essa combinação já é de assustar qualquer um, mas voltemos à empolgante história. Tentei andar mais rápido, mas, adivinha? Tropecei no maldito cadarço e caí. Pensei: “Oh, great! Agora vou ser assaltada! Esses caras vão levar minha bolsa com os bottons, o bottom do Gossip Girl que eu acabei de ganhar, o meu copo do “Tá chovendo hambúrguer”, que a Bella também acabou de me dar, e, o pior: minha cópia do “Kingdom Hearts” que eu acabei de pegar e mal posso esperar para jogar! Espero que eles só peçam o dinheiro... Se bem que minha bolsa tá tão desorganizada, os R$9,60 que eu tenho estão tão espalhados por esse buraco negro que eu tenho a audácia de chamar de bolsa, que talvez fosse mais prático entregar minha bolsa logo. Ok ok, nada de pânico. Aimeldels, eles estão se aproximando de mim!! Rasteja de costas, como fazem todos os personagens de filmes de terror quando eles estão numa perseguição com o vilão e acabam caindo. Tá, calma, espera pra ver se eles vão falar alguma coisa e já prepara a bolsa para entregar pra eles.”

Os dois caras pararam ao meu lado. “Você tá bem?” disse um, com um olhar realmente preocupado. “Aham”, disse, tentando me levantar. Como não largava a bolsa listrada com os bottons, o brega da combinação listras/xadrez pegou a minha pasta com os livros e me entregou. “Cuidado aí com esse cadarço!”, disse o de boné. “Obrigada” – foi tudo o que eu consegui dizer, ainda sem  amarar os sapatos. Por que não amarrei? Sei lá, acho que tava com tanta vergonha que só queria chegar em casa o mais rápido o possível. Ao entrar no portão da minha casa, antes de fechá-lo, porém, escutei uma frase:

“Ei, moça! Seu cadarço!”

Clarice Medeiros / Juliana Lopes

How could you be so heartless?


Se você entendeu a relação título/imagem: congratulations!

Se você não entendeu: o título é um trecho de uma música que eu não sei de quem é, mas sei que o The Fray e o Justin Bieber regravaram. E esse bichinho fofo aí em cima, do jogo "Kingdom Hearts", se chama heartless. Entenderam?

domingo, 10 de outubro de 2010

Insônia

Eu tô escrevendo esse texto às 01h15 da madrugada do sábado para domingo. Não, não acabei de ver algum filme agora, nem acabei de sair da internet. Também nem preciso dizer que não cheguei de nenhuma festa. Não. Tô na casa da minha avó.

"Ó, pessoa esdruxula! E o que tem de tão legal na casa da sua avó às 01h15 da manhã?" Bem... nada. Meus pais foram pescar aqui perto e, como eles passam o dia e a noite pegando peixes que eu não como (não sei se já disse isso aqui, mas ODEIO FRUTOS DO MAR. Só consigo comer atum enlatado), eu e a Gi, minha irmã, viemos dormir aqui para não ficarmos sozinhas em casa. E, sempre que eu venho para passar a noite aqui, sofro de uma insônia maldita. Geralmente eu durmo às 22h, acordo às 01h e fico acordada até às 06h. Hoje nem consegui tirar esse cochilo de 3h. Ha, que legal! Vou virar a noite pela primeira vez na vida (acordei no sábado às 06h...). Mesmo se eu quisesse dormir, não conseguiria, porque:

* O ar condicionado e o ventildaor estão desligados e eu não consigo dormir sem barulho e/ou vento. E tá mó calor!!

* Tá tendo (e isso não é ficção!!) um ensaio de escola de samba aqui na frente da casa da vovó. Há um tempinho atrás, por volta das 21h, acho que tava tendo uma espécie de "baile da saudade", onde estavam tocando músicas instrumentais em orquestras de metais, tipo aqueas músicas de bailes glamourosos da década de 40. Tava me divertindo à beça escutando essas musiquinhas e dançando como o Carlton Banks.

* Minha vó ronca :/

* Tem um relógio maldito que fica tiquetaqueando super alto! Na verdade, o problema é que o quarto é grande e ecoa. O relógio ecoa, o ronco ecoa, até o barulho do lápis escrevendo no papel ecoa (porque eu estou escrevendo num caderninho; Papai Noel ainda não me deu um notebook e nem acho que ele vá me dar tão cedo =D).

E... ah, meldels, eles acabaram de soltar fogos de artifício! Às 01h35! Puts, pensei que fosse tiro... De novo! Gente sem noção... Whatever. Como estava sem nada pra fazer, peguei uma revista da minha irmã que tem o Justin Bieber na capa e fui ler (até trouxe dois livros e uns textos da faculdade, mas eu não estou com disposição pra ler... ai, caramba, mais fogos!... para ler Eça de Queirós ou Walter Benjamin a essa hora da madrugada. Depois de passar quase 20h acordada, meu cérebro só consegue pensar em assuntos considerados fúteis).

Mas vamos à discussão: nessa revista, acabei lendo uma entrevista com o Restart e gostei muito das respostas que eles deram, principalmente à pergunta a seguir:

"Uma parte da galera ainda não aceitou esse rock novo, o colorido. Como lidam com as críticas?
Pelu - Podem gostar ou não. Mas tem que haver respeito. Não temos a pretensão de agradar a todo mundo, mas você deve se dar a chance de gostar ou não. Vá a um show, ouça as músicas... Depois, critique."

AMEI essa resosta. De uma certa forma, é bem o que a gente está constantemente discutindo aqui no blog. Tem gente que fala que odeia Restart, Cine, Replace e coisas do gênero e nem conhece pra poder criticar. Eu não gosto de Cine (apesar de gostar de partes da letra de "A usurpadora" - calma, Tüppÿ, eles não fizeram a trilha sonora da novela homônima); não conheço as músicas do Replace; gosto de duas músicas do ... PUUUUUTS! Tem um cara muito bêbado cantando Tim Maia no microfone, com a bateria da escola de samba atrás! Maan, por que eu?... enfim. Gosto de duas músicas do Restart, apesar de gostar mais deles como pessoas do que como músicos - o que não significa que eles não toquem bem, é que eu acho eles fofos mesmo. É, cara: falar mal do Restart é fácil se você já tem mais de 16 anos. Quero ver ter peito pra defender =D

Pequeno ps NADA A VER: gente, o que são essas tendências de moda pro verão? Salto de madeira? Calça cenoura? Camisa floral? O que virá no outono/inverno 2011? Pochete e salto de acrílico?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Viva a diferença

Ok ok. Vou tocar num assunto delicadíssimo agora, e espero que quem tenha uma opinião contrária à minha me respeite. Podem argumentar comigo, só espero que a discussão seja feita de forma amigável e respeitosa. Pois bem. Ainda falando no assunto da diversidade, queria comentar a declaração do vice do Serra, que disse ser contra o projeto de lei que transforma homofobia em crime.

Amados leitores: não sei se entre os meus leitores existe algum homossexual, bissexual, transexual, travesti ou apenas simpatizante, não sei se existe algum católico, protestante, judeu, muçulmano, umbandista ou algo do gênero. Mas, se tiver, eu respeito cada um. Eu entendo que a ideia de um casal homossexual talvez, hm, "ataque" os dogmas cristãos. Você pode não concordar, mas tem que respeitar. Assim como quem não é cristão respeita (a maioria pelo menos respeita, eu acho) essa religião. O homossexualismo talvez não seja agradável aos olhos cristãos, mas creio que os cultos de determinadas denominações evangélicas também não sejam agradáveis aos ouvidos alheios. É questão de ponto de vista; tudo é relativo, tudo é subjetivo.  

Não acho que as pessoas escolhem: "Ah, eu acho que vou virar gay." Creio que elas nascem assim. Beleza, como disse o Marcelo Adnet no clipe de "O lado bom de ser gay", "Everybody today is becoming a gay". Mas não falo das pessoas que não são héteros por modinhas (sim, existe a modinha bissexual hoje em dia; se não me engano, fruto das bandinhas coloridas...). Falo das pessoas que já têm uma clara inclinação ao homossexualismo desde pequenas. Por favor, não gostaria de ler nos comentários coisas do tipo: "Homossexualismo é uma doença" ou "Deus fez macho e fêmea", como os cartazes que estão espalhados pela cidade, feitos pelo pastor Silas Malafaia. Sei lá, acho que Jesus tem coisas mais importantes para se preocupar. Contanto que amemos uns aos outros, que diferença faz o sexo da pessoa? Queridos, a paz mundial nunca será alcançada enquanto a humanidade tiver preconceito contra o diferente. As guerras começam por pequenas rusgas que são geradas a partir de diferenças (tá, tem o lado econômico por trás, mas não quero me ater a isso). Para quem diz que o homossexualismo não é natural, sorry, mas é sim: no zoológico de Zurich, aprende-se que nenhuma espécie animal tem uma vida exclusivamente heterossexual e que o ser humano é a única espécie que não integre a homosexualidade na sua sociedade. Ali, um casal de flamingos machos passaram a vida juntos. Em Köln (Alemanha), um casal de pinguins fêmeas rouba um ovo aos vizinhos deles a cada ano e trata do ovo como se fosse o delas. Para quem quiser ler mais sobre o homossexualismo na natureza:  http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT656858-1664-1,00.html

Enfim. Tudo isso para dizer que é um absurdo defender a homofobia (porque condenar a lei que criminaliza a homofobia é defendê-la!). Espero que um dia vejamos isso com a indignação que vemos o preconceito contra os negros nos EUA na década de 60 e contra as mulheres até a década de 50.


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tentativa de uma crônica / O ladrão da felicidade

Isso é uma tentativa de crônica, não aconteceu de verdade não, tá? Enfim. Essa é a primeira vez que escrevo com o meu pseudônimo Clarice Medeiros. Aos contrário da Baby Blue e da Ferds Moranguinho, esse aqui não é um heterônimo porque não tem personalidade própria. Os meus textos "normais" serão assinados como Juliana Lopes. Os felizes, pela Ferds. Os tristes e depressivos, pela BB. Os ficcionais, pela Clarice.


    Recapitulando os acontecimentos, ela sabia que não devia ter desobedecido à sua intuição. Ela deveria ter ficado na faculdade. Ela não precisava de um porta-copos. Mas ela queria, e muito. Foi então ao shopping.
    Lá chegando, passou em frente a uma lanchonete e e ficou com um desejo insuportável de comer um sorvete de casquinha. Antes, porém, foi comprar seu tão sonhado, esperado e necessitado porta-copos. Depois de cerca de cinco minutos olhando diversos modelos, e depois de se martirizar por não ter dinheiro o suficiente para comprar porta-copos da Audrey Hepburn, do BettleJuice, do Jack Skellington, da Alice de Tim Burton, da Amélie Poulin, do Chaplin e do Hitchcock, ela saiu da lojinha perto do cinema com apenas UM porta-copos (que tinha a imagem da capa do DVD de "Pequena Miss Sunshine").
    Ela já estava atrasada para a aula. Precisava correr. Mas também precisava comer. Não, não precisava de verdade, mas ela queria, de um querer tão fero que é quase impossível distinguir esse querer de uma necessidade "real". E, parando para analisar, o que é realmente uma necessidade hoje em dia?
    Mesmo atrasada, comprou a casquinha. Começou a andar em direção à saída do shopping a passos largos, saboreando ao máximo possível o chocolate gelado desfazendo-se em sua boca. Seus dentes doíam, mas ela não ligava. Tinha um sorvete chegando ao seu estômago e um porta-copos da "Pequena Miss Sunshine" na sua bolsa. Nada poderia acabar com sua inabalável felicidade momentânea.
    Passou pela porta automática e chegou ao mormaço sufocante da primavera carioca. Depois de alguns passos, percebera, pelo canto dos olhos, que um homem a encarava. Pela sua expressão, o homem estava tão desejoso de comer aquela casquinha quanto ela. A menina começou a ficar preocupada; andou o mais rápido que suas finas canelas aguentaram. No entanto, foi em vão.
    O homem abordou-a, segurando-a pelos ombros. Não parecia que tinha armas, mas ela teve medo mesmo assim. Ela não tinha forças para lutar com ele. Já previa em sua mente toda a cena que se passaria a seguir, via sua felicidade indo embora em mãos, boca e estômago alheios.
    O homem disse, asperamente:
- Passa!
    Ela fingiu que não sabia do que estava falando. Passou-lhe a carteira.
- Você sabe que não é isso que eu quero, p****!
- Ai, desculpa! - Tremendo e segurando a casquinha com uma extrema dificuldade, a menina tentou ludibriar o ladrão mais uma vez. Puxou o anel de prata do dedo e já ia entregar para o homem, quando este começou a falar, num tom ainda mais rude:
- Cê tá de sacanagem com a minha cara? - Ele ia tirar algo do bolso traseiro de sua bermuda surrada, mas, antes que pudesse ver o que era, a menina entregou-lhe sua felicidade e, com lágrimas nos olhos, saiu correndo. Enquanto fugia do homem que roubara sua casquinha (porque ele ainda podia roubar seu porta-copos!), pensou: o que será pior? Entregar a felicidade para preservar a vida ou entregar a vida numa tentativa de preservação da felicidade?

Clarice Medeiros

I s2 coisas ruins

Eu tenho que confessar que já estava adiando esse post há muuuuito tempo, mas de hoje não consegui escapar. Conversando com amigos, descobri que sou provavelmente a única pessoa da face da Terra que gostou da versão cinematográfica de 2009 para a obra de Oscar Wilde “O retrato de Dorian Gray” (e que excelente escolha de ator, hein!). Todas as pessoas com quem conversei acharam bem ruim, apesar de ter sido fiel ao livro. Mas eu assumi e assumo (e é aqui que quero chegar no post de hoje): eu gosto de coisas ruins, e daí?

Sou um pouco rechaçada na faculdade por gostar de literatura de massa e de best sellers. No entanto, não ligo tanto para esse tipo de opinião: é meu gosto, vou fazer o quê? Amo Clarice, amo Machado, amo Álvares de Azevedo e acho “O Cortiço” genial, assim como “Memórias de um sargento de milícias”. Mas amo qualquer romance mulherzinha que você colocar na minha frente, apesar de saber que a história é sempre a mesma, que não existem discussões profundas ali e que provavelmente aquela obra só está sendo escrita para enriquecer o autor. Mas, mesmo sabendo de tudo isso, inexplicavelmente eu gosto.

Conversando com a Bella ainda hoje, ela me disse que tinha um RPG que ela achava que era horrível, que, desde a jogabilidade até os atores mokaps (os carinhas que ficam com aquelas roupinhas cheias de bolinhas que se movimentam para criar os movimentos do personagem), tudo era muito ruim. Mas, mesmo assim, ela gostava muito! E é exatamente isso que eu sinto com várias coisas! Eu tenho – e agora vão chover críticas nos comentários – 2 músicas do Restart no meu mp3 (a versão deles pra “Menina Veneno”, que eu até achei que ficou razoável, e “Ao teu lado”, uma música que entrou totalmente por osmose na minha cabeça nas férias e que eu acabei gostando depois de escutar aquela introdução superfeliz umas 500 vezes). Mas aí eu quero que vocês vejam a diferença. Como disse o Felipe Neto num vídeo que não lembro agora qual é, o problema não é gostar de Crepúsculo, Justin Bieber, bandas coloridas, etc. etc. etc... O problema é não ter nenhuma consciência crítica, não reconhecer os defeitos existentes nos ídolos, achar que essas são as melhores coisas do mundo e ficar irritado com quem discorda disso. Eu gosto de Courtney Love e Mallu Magalhães, mas sei que nem todo mundo consegue gostar, sei que a Courtney desafina de vez em sempre, que as músicas dela não são necessariamente boas... Sei que as músicas da Mallu são meio todas iguais, que a voz dela irrita às vezes, que as letras dela são meio sem pé nem cabeça (“So if you come over, I will say Tchubaruba...” WTF?). Mas adoro ambas. A Courtney é provavelmente minha cantora favorita. Nem por isso a defendo com unhas e dentes.

Moral da história: goste de coisas ruins, sim, mas com consciência crítica!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ferds Moranguinho VS. Baby Blue

A professora Valéria Medeiros, minha 2ª professora favorita (só fica atrás do Guilherme Sabatini, “meu querido professor de história”), está, aos 43 anos, fazendo seu 2º pós doutorado, no qual está trabalhando a questão do duplo nos romances policiais – tecnicamente, o criminoso é o duplo do detetive. Isso nem é uma noção tão complexa de entender, mas ela explicaria beeem melhor que eu, então nem vou me dar ao trabalho de tentar elucidar essa ideia, até mesmo porque tenho medo de falar alguma besteira a respeito do trabalho dela. Enfim. Como ela sempre fala bastante sobre essa questão do duplo, quero começar a linha de raciocínio desse post por uma afirmação que ela fez e com a qual concordo plenamente: somos a priori duais (faz parte da natureza humana ser dual, duplo, contraditório e paradoxal). Ora, se o ser humano é dual, eu não sou louca e meus heterônimos são apenas uma definição mais nítida dessa dualidade.

Vejo meus heterônimos como aqueles anjinhos e diabinhos que ficam nos ombros dos personagens de desenhos animados. E não adianta mentir pra mim: eu sei que você que está lendo esse texto tem um diabinho e um anjinho na sua cabeça. Não somos só bons ou só maus, não somos só felizes ou só tristes, não somos, sei lá, doce ou salgado, dia ou noite, quente ou frio, família ou amigos, TV ou livro ou internet... Nossa sociedade é obcecada com o “ou”. NÃÃÃO!! Parem com isso! Não somos “ou”, somos “e”. Imagine sua vida só comendo doce; agora imagine sua vida só comendo salgado. Imagine que os dias fossem eternos; agora imagine que as noites fossem sem fim. Seria insuportável viver dessa maneira. A graça é ter uma oposição para não cansar de um determinado elemento.

Apesar de pensar isso, tento suprimir ao máximo meu diabinho interior, a Baby Blue – porque eu não sou louca a ponto de gostar de ficar triste, embora saiba que a tristeza é um sentimento inerente ao ser humano. Enfim. Para poder tentar controlar mais minhas personalidades, tentei descobrir um pouco mais de ambas e fiz um pequeno raio x de cada uma:

Ferds Moranginho (anjinho)

Minha parte feliz, alegre, que não se importa em parecer idiota. Boas perspectivas de futuro.

Músicas preferidas:

• “Who Knows” – Avril Lavigne
• “If you want to sing out, sing out” – Cat Stevens
• “It’s my life” – Bon Jovi
• “Forever Young” – Cash Cash
• “Backin Up song” e “Bed Intruder Song”
• Todas as do “Comédia MTV” (minha preferida é a “Gaiola das cabeçudas”)
• “Semana que vem” – Pitty
• “I believe in miracles” e “What a wonderful world” – Ramones (eu sei que essa segunda música é do Louis Armstrong, mas prefiro a versão dos Ramones =D)

Livros preferidos:

• Qualquer um da Marian Keyes (a autora de “Melancia”)
• Qualquer coisa meio revolucionária e divertida, tipo mash up literário (“Orgulho e preconceito e zumbis”, “Jane Austen – a vampira”) ou livros históricos engraçados (“1808” e “O Chalaça”)

Frases e pensamentos recorrentes:

• Curta a vida porque ela é curta;
• Não deixe que o medo de perder te impeça de jogar;
• Pra que gastar o pouco tempo que eu tenho aqui chorando, se posso estar rindo?
• “Just keep on laughin’ / there’s always a brand new day”
• Quando a vida te decepcionar, continue a nadar, continue a nadar…

Personagem/personalidade que mais traduz esse meu lado: Luna Lovegood (“Harry Potter”)

Melhor qualidade: bom humor

Pior defeito: confiar demais nas pessoas


Baby Blue (diabinho)

Minha parte depressiva, cansada da vida, que aparece, na grande maioria das vezes, quando eu estou sozinha. Presa às consequências do passado (só para deixar BEM claro: EU NÃO GOSTO AINDA DO MEU EX, NÃO QUERO MAIS NADA COM ELE NEM NADA DO GÊNERO. Algumas pessoas enchem meu saco dizendo que eu ainda estou a fim dele, mas isso NÃO É VERDADE!! A Baby Blue sente falta de uma companhia, não dele, ok? Vocês podem parar de encher o meu saco agora? Obrigada)

Músicas preferidas:

• “Unwell” – Matchbox twenty
• “I think I’m paranoid” – Garbage
• “Jesus of suburbia” – Green Day
• “Hold on” – Good Charlotte (obrigada, Joel e Benji Madden! A música de vocês me deu MUITA força!)
• “I’m just a kid” e “Perfect” – Simple Plan
• “Pulsos” e “Fracasso” – Pitty
• “Poison Heart” – Ramones

Livros preferidos:

• Qualquer coisa de Clarice Lispector;
• “O retrato de Dorian Gray”

Frases e pensamentos:

• Ó ser que governa o Universo, o que tu tens contra mim?
• Qualquer frase da Clarice
• “M... – eu disse ao espelho -, o que eu posso fazer se você não gosta de mim?” – Gabriel García Márquez
• “But I’m not crazy, I’m just a little unwell”
• “Do you think I’m wasting my time doing things I wanna do? / And it hurts, to know you disapprove all along”
• Do I believe in life after love? (“Do you believe in life after love?” é o nome de uma música da Cher – ou, como diria Katylene, da deusa Cher)

Personagem que mais traduz esse lado de mim: Funérea, do desenho animado da MTV “Fudêncio e seus amigos”

Melhor qualidade: não é tão ingênua quanto a Ferds e é geralmente ela quem tem as epifanias

Pior defeito: é egocêntrica e relativamente hipocondríaca

Espero que essa divisão me ajude em alguma coisa :D