Eu me lembro nitidamente dos meus pensamentos naquele momento, naquele nosso primeiro contato. Era minha segunda semana de aula no primeiro período da faculdade e quase dava pra sentir fisicamente meu desespero por fazer alguma amizade. Havia chorado a primeira semana inteira. “Minha turma é muito fechada, ninguém fala com ninguém”, dizia a quem quisesse ouvir. Hoje, sei que não fui a única e que boa parte das minhas colegas de turma também se esvaiu em lágrimas no começo do semestre.
Eu estava no ponto de ônibus, ao lado de uma senhora negra com trancinhas e de uma jovem loura. Perguntei à senhora que horas eram. 11h20, ela me respondeu. O ônibus estava atrasado. Minha memória falha em algum momento, e eu não lembro por que nós três começamos a conversar; o fato é que começamos. Como conversa de elevador. A quantidade de palavras não importa, o conteúdo era vazio. Mera função fática, mero desejo de estabelecer contato.
Ela então chegou ao ponto, mas não dei muita atenção. Continuei minha troca de palavras vazias, até que o ônibus finalmente chegou. Despedi-me da senhora e da jovem; eu e ela entramos no ônibus.
Pela sua aparência, diria que tinha entre 18 e 20 anos. Pelas roupas (All Star, jeans e camiseta), que tinha uma possibilidade de ela estar indo para a mesma faculdade que eu. O medo de abordar uma total desconhecida era grande, mas a cara de pau era maior ainda. Estava no momento “Sim, senhor”, no momento “Não deixe que o medo de perder impeça você de jogar”. Por causa desse pensamento, perdi inúmeras coisas que nunca voltarão, mas, nesse caso, ganhei de forma imensurável. Pensei, antes de dar o oi que mudaria a minha vida: “Eu não a conheço. O que você tem a perder? Vá em frente.” E eu fui.
- Oi, você tá indo pra PUC? – perguntei, ao cutucar o seu ombro.
- Ahn-hã.
Ela tirou sua bolsa do banco ao lado e eu me sentei.
Perguntei seu nome (Isabella), idade (19), curso (Design – mídia digital), em qual período ela estava (3º). Ela me perguntou isso de volta (Juliana, 17, Letras, 1º período). A conversa fluiu de forma impressionante para duas pessoas que nunca tinham se visto. Ela me falou da sua vida no colégio, na faculdade, discutimos religião (um assunto que eu não discuto nem com pessoas que eu já conheço há anos), falamos de tudo um pouco.
Aquele foi o último dia que chorei por causa da faculdade.
As vezes coisas simples mudam nossa vida mesmo.
ResponderExcluirÉ aquele tal efeito borboleta (mas não o filme, porque o filme é ruim).
Isabella, um pequeno farol, então?
ResponderExcluirAbraço, sorriso bonito.
Que liiiindo *-*
ResponderExcluirVocê está escrevendo cada vez melhor, sério. Minha filha só me gera orgulho e felicidade whitestripesiana 8D
Gostei daqui, e do q vc disse, sou apaixonada por coisas pequenas... enfim.
ResponderExcluirSeguindo o blog, pq ele me ganhou desde o primeiro momento com o banner! rs
amo a Vandinha! (:
;*
(espero q vc me siga de volta!)
Infelizmente, ainda não vi "Efeito Borboleta" (sim, sim, eu sei que sou um alien por isso)
ResponderExcluirOwn, 2pee! Obrigada! Você sempre me põe pra cima!
Ahn, obrigada pela visita, Keilla! Dei uma passada rápida no seu blog - eu estou meio sem tempo, mas juro que assim que tiver tempo, leio tudo! E seu blog é MUITO FOFO!! Parabéns! Mas eu não tô te vendo nos meus seguidores :(
Bjsbjs