terça-feira, 3 de agosto de 2010

Adam e os finais felizes

 
Ontem à noite, todos já tinham ido dormir, mas eu não estava com a mínima vontade de fazer o mesmo. Pensei: “vou ver um filme”. Vasculhei a gaveta de DVDs do meu pai – que compra filmes todo mês, já que o nosso pacote da NET é uma porcaria – e escolhi “Adam”. Você provavelmente nunca ouviu falar desse filme, e, para falar a verdade, só fiquei conhecendo ele quando meu pai comprou-o. Elegi “Adam” pra assistir pela descrição do filme na capa do DVD: “Uma história sobre dois estranhos. Um mais estranho que o outro...” Como vocês sabem gosto de coisas e pessoas estranhas, então decidi ver a história de Adam e Beth.
Adam tem síndrome de Asperger, que é uma doença na qual ele não sabe, não consegue imaginar o que os outros estão pensando. Ele não identifica piadas, insinuações e, às vezes, para saber o que os outros querem dizer, faz umas perguntas indiscretas que o colocam em situações embaraçosas. Beth é uma escritora infantil que dá aulas para crianças como meio de se sustentar e que se muda para o prédio de Adam. O resto vocês podem imaginar. Eles se conhecem, se apaixonam, tem o primeiro beijo, a primeira vez, a primeira briga... E agora tem um spoil gigantesco. Se você quer ver esse filme, pare de ler aqui.
Achei que “Adam” fosse um filme fofo sobre como as pessoas conseguem superar as dificuldades juntos e talz... Mas não é bem assim. Adam e Beth não ficam juntos no final, apesar de cada um ter um final feliz separado. Ele se muda para a Califórnia para dar aulas num planetário – o cara sabia TUDO sobre o espaço! – e ela consegue publicar seu livro infantil sobre uma família de guaxinins do Central Park, que ela conheceu graças a Adam. O que mais me chamou a atenção foi como esse final me levou a uma reflexão. Por que nós esperamos finais felizes? Por que nossa vida já está cheia demais de desgraças? Pra termos esperanças de que aquilo pode acontecer com a gente?
Eu me irritei comigo mesma ontem. Eu acho que filmes água com açúcar só deprimem mais ainda a gente e filmes com finais felizes acabam me irritando, porque eu sei que na vida real nem tudo é daquele jeito. Mas eu esperava um final feliz pra Adam e Beth como um casal e fiquei indignada comigo mesma ao perceber isso. “Pô, Juliana! Você critica tanto os filmes românticos de água com açúcar... por que tá reclamando que “Adam” foge a isso?” Eu sou uma pessoa que conseguiu perceber que a vida não termina sempre como nos filmes, e palmas pra mim por isso. Mas ainda não consegui me livrar inteiramente daquela visão Hollywoodiana de que filme tem que ter um final feliz. Então o que me resta fazer é continuar nadando contra a corrente para, um dia, conseguir me livrar dessa concepção e ficar feliz com os finais não tão felizes assim.
Ps.: para quem quiser saber mais sobre a Síndrome de Asperger, o link da Wikipedia abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Asperger

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