terça-feira, 10 de agosto de 2010

O maior produto de todos os tempos


A nossa sociedade é machista. A nossa sociedade é capitalista. A nossa sociedade é individualista, fútil, corrupta e o que mais você quiser incluir nessa lista. Tudo isso é criticado por todos, mas 99,99% das pessoas se esquecem de uma característica (ruim, a meu ver) que eu acho que é a mais arraigada no nosso mundo ocidental: o romantismo. A nossa sociedade é tão profundamente romântica que ninguém se dá conta disso, já faz parte de nós mesmos.
Na aula de Literatura Portuguesa II nessa semana, a professora falou que íamos estudar, ao longo do curso, as razões históricas para o sucesso do movimento literário romântico. Não sei ao certo, porque ainda não estudamos, mas a professora disse algo sobre o fortalecimento da burguesia e, mesmo que isso não tenha nada a ver com as verdadeiras razões históricas (que eu ainda não sei quais são), eu comecei a associar o romantismo com o comércio, não naquela época, mas hoje em dia mesmo.
Olhe ao seu redor. Escute. Sinta. Tudo gira em tono da nossa concepção de “amor”. Nos filmes, novelas, seriados, curtas, sitcoms, stand-up comedies, peças de teatro, vídeos no youtube, videoclipes, programas de auditório, músicas, propagandas, livros, revistas, indústrias (como a cosmética, por exemplo) etc. etc. etc., sempre tem que ter um casal, um romance ou qualquer coisa que esteja nesse universo amoroso. E não é porque o ser humano é um ser naturalmente romântico, não. É por causa da nossa maldita sociedade, que descobriu que o amor pode ser um ótimo produto. E a grande maioria das pessoas, que não percebe isso, apenas compra o amor.
Nós sabemos que a maioria esmagadora dos donos de grandes empresas que dominam o mundo (não preciso citar nomes) é meio/totalmente individualista e pensa primeiro em ganhar dinheiro para depois pensar em algum impacto negativo que seus produtos possam vir a causar nos consumidores. Com a “Indústria do Amor” também é assim. Os roteiristas, diretores, escritores, produtores, publicitários, atores, cantores, compositores, apresentadores de TV, entre muitos outros, não ligam pros problemas que o romantismo traz para a vida das pessoas. Ou não ligam ou realmente não se dão conta. Creio que poucos indivíduos vêem o romance dessa forma que eu estou vendo agora, logo, é bem capaz que esses roteiristas, diretores, etc. sejam também vítimas, e os que não são precisam vender para sobreviver. Ninguém quer ver uma novela na qual os mocinhos não terminem juntos. Ninguém quer ver um filme sem romance. Se ninguém vê, não há dinheiro circulando. Não há muita saída mesmo. Mas, voltando ao início do parágrafo, o amor é uma coisa maléfica para grande parte das pessoas mesmo. Quantos crimes passionais já não foram cometidos? Quantos suicídios já não ocorreram por causa de um pé na bunda? Quantas pessoas entram em depressão por causa do amor romântico?
Você, caro leitor, deve estar pensando agora: “Ah, mas ela só diz isso por que teve uma desilusão amorosa e não encontrou alguém ainda!” Pode ser verdade? Em parte, sim. Me decepcionei com esse sistema falho de romantismo e, epifania atrás de epifania, cheguei a essa conclusão que aqui lhes apresento sobre o amor. Em parte, agradeço por essas desilusões, pois, acreditem, fiquei BEM mais inteligente (aliás, gostaria de fazer propaganda aqui da comunidade do Orkut “Sou mais inteligente solteiro”). Mas a parte do “Só diz isso porque não encontrou ninguém ainda”... sei não. Talvez até pudesse ser verdade há algumas semanas atrás, mas agora acho meio difícil. Obviamente, não sou imune à indústria do romantismo, então posso sucumbir às suas pressões mais cedo ou mais tarde – ainda mais porque é bem difícil nadar totalmente sozinha contra uma corrente de seis bilhões de pessoas. Quem sabe se amanhã não me apaixono perdidamente por alguém e começo a sonhar em viver tudo o que estou repudiando agora? Como diria Justin Bieber, never say never. Sou humana, falha, e, acima de tudo, público consumidor.
Como mudar isso? Acho que é mais fácil conseguir a paz mundial ou erradicar a fome na África. Não há interesse das indústrias de mudar isso e não há interesse da massa, que nem sabe que o sentimento por uma determinada pessoa é fruto de um comércio de ideias e valores. Se você tiver força, nade contra a corrente; se não, se apaixone.

2 comentários:

  1. Às vezes é difícil mas eu acho que ainda existe o amor produto e o amor de verdade, que é raríssimo. Encontrar um amor de verdade, é como um caça ao tesouro... ele é muito mais do atração física, ou aquilo que mostram na televisão. Ele é baseado em valores que não se desgastam. É por isso que é difícil de ser encontrado, é precioso de mais.


    http://narradorapersonagem.blogspot.com/

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  2. Que crítica rasa. Aprenda a criticar primeiro pra depois redigir um texto! Grato

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