segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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As pessoas geralmente dizem umas às outras: “seja quem você é”, sem parar pra analisar bem o significado disso. Até um tempo atrás, eu ficava matutando, como diria minha amiga Carol, sobre o que queria dizer “ser quem eu sou”. Hoje, vejo que, muito mais do que não mudar meus gostos, ser quem eu sou é, primeiramente, assumir meus gostos. Tá, deixa eu tentar explicar isso melhor com um exemplo. Quando a Avril Lavigne mudou o estilo dela de skater girl pra pseudo gótica e, posteriormente, de pseudo gótica para punk princess, todo mundo a acusou de ter mudado e de não ser ela mesma e talz – e me inclua entre as pessoas que a acusaram; na primeira mudança eu tinha 11 anos e na segunda eu tinha 14. Foi meio chocante ver minha heroína toda mudada, e demorei um pouco para me acostumar. A questão é: Avril foi ela mesma nas suas mudanças. Ela foi fiel a si mesma e teve coragem pra mudar. Ser para sempre de um jeito não é ser você mesma, é ser quem os outros esperam que você seja. Acho que ficou mais confuso agora... Não somos seres estáticos no tempo e no espaço, interagimos com outras pessoas, com filmes, músicas, livros, games e experiências que nos mudam. Quando alguém fala: “você não é mais você mesmo, você mudou muito”, não pensa que o mutante em questão está apenas realizando o ciclo comum da vida. Mudanças internas fazem parte da rotina de qualquer pessoa. Logo, ser você mesmo é respeitar essas mudanças e não ficar preso a quem você era num passado distante. E aí chegamos onde eu queria: ser você mesmo é assumir seus gostos.

Eu odeio amarelo, funk, a rede Globo, não ligo para ursos, nem pra labradores, nem pra golden retriviers (aliás, qual é a diferença de um labrador pra um golden retrivier?), odeio bebidas alcoólicas com gosto de álcool, acho “O senhor dos anéis” um porre, assim como filmes de super heróis e de ação, odeio frutos do mar – e todas aquelas comidas mais caras do cardápio –, não gastaria sei lá quantos mil numa bolsa só porque está estampado nela “Louis Vuitton” ou “Victor Hugo”, não sou muito fã de ficar torrando na praia pra ficar vermelha, odeio estampas florais, ombreiras, cores neon nas roupas ou nas unhas, acho o Jorginho do comercial da PromoInfo totalmente assustador ( se você não sabe do que estou falando, veja os comerciais da Record ou procure um anúncio da Promoinfo no Youtube), acho a Lady Kate sem um pingo de graça – assim como TODOS os quadros do “Zorra Total” – e me irrito profundamente quando as pessoas repetem seu infame bordão: “Bom, bom, bom não tá, mas tá bom”.

Eu gosto sim da Banda Djavú, de Zezé di Camargo e Luciano, de Roupa Nova, de romances mulherzinha (tipo Marian Keyes, Gossip Girl, Bridget Jones e afins), li a saga inteira de “Crepúsculo” e até gosto da história, apesar de achar que foi mal-escrita, já amava buldogues franceses há uns dois anos antes de a Lola, do PC Siqueira, pensar em nascer, meu gênero preferido de filmes é animação, leio revistas adolescentes, meu ideal de beleza é extremamente equivocado, do ponto de vista de uma pessoa normal (acho o Paul Dano, o Dwayne de “Pequena Miss Sunshine”, lindooooo!), e, finamente, gosto, sim, de Restart.

Não uso roupas coloridas porque não gosto. O máximo de cor que me arrisco a usar é um vermelho, um pink ou um roxo. Mas gosto muito da ideia dessa ideia do Happy Rock de aposentar o preto, apesar de eu não ter coragem para tanto. O Happy Rock é um tanto inovador nesse aspecto: o preto SEMPRE foi a cor do rock, e Pe Lanza, Pe Lu, Thomas e Koba ousam fazer rock (porque “Recomeçar” é rock sim) com calças verde limão, camisetas laranja neon e suspensórios vermelhos, com tênis coloridos – e pela primeira vez o All Star deixou de ser o tênis de quem toca rock –, pulseiras de mola e Ray ban. Mas não é porque eu curto o som dos caras – ou porque curto os caras, ou, mais especificamente, o Pe Lanza – que vou jogar fora minhas 5 blusas de caveirinhas, doar meus 5 pares de All Star, queimar minhas incontáveis blusas pretas e começar a usar Ray bans. Tá, eu queria muito comprar um Ray ban azul escuro, mas os óculos simplesmente não combinam com o meu tipo de rosto e eu vou respeitar isso usando apenas meus óculos enoooormes à la Willy Wonka.

Além da inovação das cores no mundinho preto, o Happy Rock (e não “Rap Rock”, como estava escrito numa “Caras” que eu estava folheando na casa da minha avó) traz uma ideia de que rock não é sexo, drogas, ficar doidão, ignorar os fãs e quebrar quartos de hotel. Ok, originalmente o rock pode até ser isso, mas, na minha opinião, rock é transgressão com guitarras e bateria (porque eu NUNCA consigo ouvir o baixo, a não ser nas músicas do Red Hot e em algumas do Nirvana). E o que é mais transgressor que mudar, ou pelo menos tentar mudar, o próprio rock? Eu duvido muito que o preto deixe de ser a cor do rock e duvido que o Pe Lanza seja chamado de roqueiro por qualquer revista que seja, mas talvez as futuras gerações do rock aprendam algo com a Restart. Talvez a serem mais simpáticos e brincalhões, talvez a darem mais importância às fãs, talvez a dar a cara a tapa – ou vocês acham que é fácil ser vaiado em rede nacional no VMB, maior prêmio da música brasileira, e continuar feliz? Gente, o Pe Lanza tem 17 ou 18 anos, ele é da minha idade! E se fosse eu lá naquele palco, ah, eu ia chorar muito.

Aí os pseudo cults – tipo humano detestável – reclamam que as letras não trazem nada de novo. Não, realmente não acho que elas tragam algo de novo. Mas acho que desde a Madonna as letras não são mudadas. Até a Lady Gaga, que inovou em tudo, pecou um pouquinho nas letras. Não, mentira, eu esqueci da Lily Allen e da Pitty, que têm letras in-crí-veis! Enfim. Eu não sei se você percebeu, pseudo cult, mas há muito tempo que uma banda não é feita só de música. A banda é feita do seu visual, do seu comportamento, do seu nome e, ah, sim, da sua música - mas o nível de importância da música no sucesso de uma banda é assunto pra outro post. Então, pseudo cult, se você quiser ouvir um Djavan e não entender a letra, vá em frente; se você quiser sofrer ao ouvir a voz desafinada do Caetano Veloso, quem sou eu pra te impedir?; e se você quiser ir num show do João Gilberto e sair de lá maravilhado com a arrogância do sujeito, go ahead, delicie-se. Mas me deixa ser feliz cantando “E eu vou te esperaaar, aonde quer que eu váá, aonde quer que eu váá, te levo comigo”...

4 comentários:

  1. Clap clap clap! Eu vi o Restart no Jô hoje!!! \o/ Falei pra minha mãe "Dexaí q eu nunca ouvi Restart e é HOJE q eu vou conhecer!" hahahaha Aí eles cantaram em espanhol =S Mas foi aquela musiquinha q vc citou no texto mesmo. Cara, eles são divertidinhos, bonitinhos e fofos! Eu gosto dos caras, mesmo sem curtir muuuito a música dos caras, porque nunca ouvi direito. Mas eles talvez sejam a revolução q a gente precisa... Nunca suportei Caetano Veloso; acho esse cara um viado ridículo. Ney Matogrosso tb é viado (muito mais do q ele), mas é muito melhor do q ele, porque ele é quase diva. hahaha Acho q o mundo todo precisa de gente que mostre que o padrão deve ser quebrado. A Lady Gaga é vista como A louca estranha mas todo mundo dança quando toca uma música dela (eu posso ir pra todo lugar possível mas fico perturbando todo mundo perguntando "não tem Lady Gaga, não?" hahaha), porque não é aquele rap/hip hop q americano costuma "dançar" e nem é o samba/pagode/funk q a "pobraiada" brasileira se sacode. É "diferente". A Madonna, também é diferente, mas já teve sua época. Só q o lance dela é ser camaleão. A sujeita tem anos de experiência e literalmente dança conforme a música... o que tá bombando no momento ela tenta superar... ou algo do gênero. rs

    Restart é colorido, é meigo, é vaiado no VMB, mas tá se segurando talvez por ser diferente do padrão. Eles podem não ser chamados de rockeiros, mas alguma coisa eles são, porque tem um trabalho legal e são reconhecidos. Não teve um video no youtube da sujeita q tentava falar "www.youtube. com"? E ela não ficou famosa na internet por causa disso?! E a q cantava o "Sanduíche-íche"?! Nem devem mais lembrar dela, mas ela ganhou fama na época. E a gente chama essa gente de QUÊ?!?!?! Não é rockeira MEEESMO, mas alguma coisa é! E Restart q é melhor, q tá fazendo coisa legal por aí, q tá cantando com letras melhores do q coisas do tipo "vou cortar os pulsos pq vc não me ama..."?! A gente chama de...? Sucesso, revelação (ih não, já é nome de grupo de pagode... hahaha), ou simplesmente um recomeço pro rock q o povo conhece né.

    Cara, se vc me mandasse TODOS os textos antes de publicar, eu dava as minhas opiniões e a gente criava um blog conjunto! Hahahahaha porque o q eu não tenho é motivação pra pensar em assunto pra escrever, na maioria das vezes. Quando o assunto é pura e simplesmente o cotidiano né...

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  2. Esse é um daqueles seus textos com ótimo ritmo. Ahn, não curto nada Restart, nem Bieber ou sei lá o que. Eu não vejo nada que me encante... Mas não saio por aí criticando e blá blá blá. Não quero que ninguém me convença a gostar assim como não vou convencer ninguém a desgostar.
    Sou um ser contraditório, então tenho que ficar bem quieta mesmo. Uma personagem que muda o tempo todo. Um dia com paciência, gentil, amorosa, outro fechada, silenciosa, irritada. Me sinto inspirada a cada dia a ser diferente, às vezes involuntariamente. Eu sou tão louca quanto o Chapeleiro, que por uma feliz coincidência foi interpretado por Johnny Depp, que arrasa e eu o adoro muito, principalmente Sparrow e Wonka!
    Mas acho que sou assim tão instável que todo mundo já se acostumou com meu jeito não-normal-de-ser.
    Tô curiosa pra fevereiro! TÔ SUPER CURIOSA! MEU, VOCÊ TEM QUE CONTAR! HAHA
    Beijos!

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  3. PS: Eu também fiquei com pena de dar um chute no namorado da Aline. Mas foi preciso :(

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  4. ooiiiiiiiii gata nao quer namora com migo nao

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