Ao ler um livro de auto-ajuda há algumas semanas atrás, ingenuamente eu achei que, depois de interiorizar os ensinamentos daquelas páginas, nunca mais sofreria por amor. Deixe-me explicar: o meu problema principal em relacionamentos sempre foi a baixa auto-estima, o que acabou gerando inúmeras outras questões menores (que se tornavam maiores com o tempo). Eu imaginei o livro como um produto das Organizações Tabajara e escutei uma voz falando na minha cabeça: “Seus problemas acabaram! Se tudo que dava errado girava em torno da sua baixa auto-estima, ao aprender a aumentar seu amor próprio (que é o que o livro propõe), você vai acabar com todos os seus problemas amorosos num passe de mágica!”. É. Como diriam meus amigos Marco e John, “little fool”.
Não que eu esteja sofrendo por amor, não estou nem perto. Mas parei para perceber como algumas amigas minhas, com a cabeça, a auto-estima e tudo no lugar, também sofreram e ainda sofrem por causa de ficantes, namorados e casos. Não tem jeito: aquele seu alguém especial pode parecer a reencarnação do Jack (Leo DiCaprio em “Titanic”), mas, mais cedo ou mais tarde, você vai ter alguma dorzinha por causa dele. Duvida?
Primeiramente, não tem como adivinhar ações humanas. Ele pode ser uma cara bacana e te trair do nada ou pode ser um galinha total e decidir ficar com você – e só com você. Aí você pensa na filosofia do House e me diz: “People don’t change”. Antes que você diga “Everybody lies” e “It’s not lupus” (a maior lição que aprendemos com House é que nunca é lúpus), eu vou confessar que acredito, sim, que as pessoas mudam. O tempo todo, inclusive. As pessoas evoluem e regridem e, como já disse meu psicopata favorito, o Dexter, evoluir é a única forma de sobreviver. Evolução, adaptação ao meio, mudanças, chame como quiser. O fato é que as pessoas NÃO ficam eternamente iguais. Fala sério, sofremos influências 24h/dia, é IMPOSSÍVEL você ser a mesma pessoa pro resto da sua vida.
Em segundo, se você REALMENTE gostar da pessoa, mesmo que vocês terminem de forma pacífica, vai ser muito difícil não sofrer. E isso não tem nada a ver com a sua auto-estima ou com o fato de o cara ser um babaca ou não. Como diz o meu divo Axl Rose em “November Rain”, “’cause nothing lasts forever / and we both know hearts can change” (algo como “porque nada dura pra sempre / e nós dois sabemos que corações podem mudar”). Não adianta, corações mudam e muitas vezes namoros acabam sem vilões.
Juntando a instabilidade dos sentimentos à imprevisibilidade da mente humana (o que vai determinar o comportamento do seu boyfriend/girlfriend), descobrimos que nunca estamos nem estaremos imunes a sofrimentos amorosos. Como diz a Avril em seu novo hit, “What the hell!”, “Love hurts whether it’s right or wrong”. E, infelizmente, se quisermos sentir todas as felicidades de estarmos apaixonadas(os) por alguém, temos que encarar tudo de ruim que vem junto no pacote.
"Little fool", um livro de auto-ajuda não vai mudar seu modo de ver a vida assim, da noite pro dia (porque vc consegue ler um livro da noite pro dia, enquanto eu levo alguns... meses. haha). É maravilhoso tentar melhorar sua auto-estima, sentir-se bem consigo mesma (hoje comecei um texto sobre isso), mas não é isso que vai te impedir de sofrer por alguém, por amor...
ResponderExcluirE enquanto a reencarnação do Jack me fizer sentir bem, vou ficar superfeliz pensando nele; quando passar a me magoar, farei o possível para esquecer. Mas devemos nos permitir a pensar "nos alguéns especiais" se isso nos faz felizes. Nossa, meu momento mais confuso do dia foi essa frase! Ui! Corrija-a assim que a ler, porque eu tentei um neologismo e não caiu bem! haha
Enfim, explicando melhor: Love hurts, mas até ele doer, pode ser bom, e é importante valorizar o momento que ele é bom, até onde ele é bom... enquanto ele for bom, vale a pena pensar nele, lembrar dele. Quando passar a fazer mal, fazer você se sentir pra baixo, saudosa, triste por não ser mais aquilo, é hora de esquecer; colocar o passado no seu lugar certo, naquela gavetinha especial que só deve ser aberta esporadicamente, pra não abrir a ferida novamente.
Em segundo lugar, acredito que as pessoas mudam também! Mas tudo precisa ter um incentivo... evoluir é necessário pra sobrevivência, não só humana. Eu lembro das aulas de biologia e penso nas girafas - na verdade, em seus ancestrais - que tiveram que desenvolver aquele pescoço alongado pra alcançar as copas das árvores, já que não mais fazia bem a ingestão da vegetação rasteira (nossa, que frase mais "discovery channel"...), ou porque não existia mais plantas baixinhas em abundância.
Evoluir é uma questão de esperteza biológica; a lei do mais forte em seu auge, porque só sobrevive aquele que souber se adaptar a tudo.
Então porque as pessoas não mudariam? Mudam pelo bem de um relacionamento, mudam pelo bem de sua saúde, mudam pelo estado do planeta, mudam de acordo com o humor... as pessoas até conseguem desenvolver múltiplas personalidades! Mudam de acordo com o ambiente e com as companhias... são gentis na presença de uns e predadores na presença de outros.
Mas melhor do que isso, as pessoas mudam, simplesmente por mudar, por estarem cansadas de ser daquele mesmo jeito por muito tempo (ou pouco mesmo), por não aguentarem serem vistas de uma maneira previsível, por não quererem mais se encaixar num padrão determinado e imaginado pra elas mesmas pelo resto do povo. E então ficam satisfeitas, OU NÃO, com a mudança; e depois mudam de novo. O ser humano vive em constante mudança. Alguns dizem ser para tentar se encontrar, outros, pra se perder um pouquinho.
Como eu já ouvi muitas vezes das amigas da minha mãe e acabei abraçando como meu lema também: "o importante é ser feliz!"
Ju, esse post me fez um bem danado! Fiquei bem mais leve após a leitura. Obrigado por escrever textos como esses! Sucesso!
ResponderExcluirEu acho que nenhum relacionamento consegue ser "perfeito"(e digo perfeito entre aspas porque a perfeição para nós é bem relativa) sem passar um monte te complicações. Acredito que as complicações que fazem tudo ficar melhor. Que outra maneira teriamos de aprender uns com os outros? Às vezes as complicações são maiores que o sentimento e então não dá para ser. Mas acho que o importante de um relacionamento é justamente a mudança. Crescer junto, mudar junto. Andar um pouquinho em direção ao outro até chegar naquilo que acreditamos ser perfeito para os dois...
ResponderExcluirPara Carol S.: gostei do neologismo hahahaha
ResponderExcluir"Love hurts, mas até ele doer, pode ser bom, e é importante valorizar o momento que ele é bom, até onde ele é bom... enquanto ele for bom, vale a pena pensar nele, lembrar dele. Quando passar a fazer mal, fazer você se sentir pra baixo, saudosa, triste por não ser mais aquilo, é hora de esquecer; colocar o passado no seu lugar certo, naquela gavetinha especial que só deve ser aberta esporadicamente, pra não abrir a ferida novamente." - PERFEITO!!
E bizarro vc lembrar das girafas da aula do Aroldo hasuahushaushuashuahsa.
Para Thiago: que bom que pude ser útil pra você!! E obrigada você por ler meus textos =D
Para Carol Barra: nunca tinha pensado dessa forma... Que é uma questão de ver o que é maior, o sentimento ou as complicações.
Ah, e seja bem-vinda!!
Beijosss :*