domingo, 30 de janeiro de 2011

Refletindo com "Crepúsculo"


Eu li “Crepúsculo” um pouco antes de a saga virar febre mundial. Eu não lembro exatamente quando foi isso, mas acho que foi no 2º semestre de 2008. Gostei bastante da história, apesar de ter achado meio mal-escrito, parado demais. Convenhamos, a Stephenie Meyer não sabe escrever cenas de ação. Mas, como tinha lido “O apanhador no campo de centeio” – um dos livros mais parados EVER – e tinha amado, decidi continuar lendo a saga “Twilight”. Fui me fascinando cada vez mais com a história. Não liguei para as alterações feitas nas características de vampiros e lobisomens, criaturas consagradas pelo imaginário popular há décadas. Foi meio estranho tentar encontrar lógica num lobisomem que não tem pelos na forma humana (seria o mesmo que achar normal ver um filme sobre o Abominável Homem das Neves passando férias nas praias ensolaradas do Caribe). Mas precisamos de inovações de vez em quando, né?

Na verdade, tudo isso fica meio de lado e os detalhes bizarros acabam sendo ofuscados pelo amor de Edward e Bella. Particularmente, acho que o fato de ele ser um vampiro e ela ser humana não importa muito para despertar o interesse nos leitores. O que importa é o amor que cada um sente pelo outro e o modo como Edward trata Bella. É meio impossível não desejar, por um milésimo de segundo que seja, um Edward Cullen só pra você. Mas, caros leitores, sejamos sinceros: Edward é um VAMPIRO VEGETARIANO que BRILHA NO SOL e tem MAIS DE CEM ANOS. É, nunca encontraremos ninguém como ele... É fácil esquecer que ele é um vampiro bonzinho (o que é quase tão sem noção quanto o homem-lobo sem pêlos. Conde Drácula é um dos maiores expoentes do Romantismo e sofria horrivelmente a perda da amada, mas bonzinho ele nunca foi!). É fácil esquecer que ele parece aquelas pregadeiras de plástico de camelô – as populares “piranhas” – que mudam de cor no sol. Mas não dá pra esquecer de duas coisas: primeiro, ele é um personagem, e isso quer dizer que ele não existe (desculpe-me por acabar com os seus sonhos). Em segundo, Edward pertence a outra época, a outro século. Eu não lembro exatamente em que ano ele foi transformado em vampiro, mas, em qualquer século que tenha sido, podemos imaginar que Edward teria que ralar um pouco mais para conseguir alguma menina que ele quisesse – ou não, já que as mulheres eram desvalorizadas e submissas. Ou talvez isso fosse só depois do casamento. Talvez durante o namoro os homens tivessem que ser fofos, pacientes e respeitosos. A questão é: Edward teve outra criação. Homens hoje em dia nascem para serem pegadores, não cavalheiros. Homens acham que ser cavalheiro é sinônimo de ser “viadinho” (pode perguntar pra qualquer cara que acredita ser o macho alfa o que ele acha de Edward Cullen. Provavelmente 10 entre 10 responderão “viadinho” e sinônimos). NÃÃÃÃÃÃÃO, babaquinha! Tratar bem a sua namorada não vai te fazer menos macho, caramba!!!

O Igor, meu professor de violão e terapeuta por acaso, me disse algo que eu acredito ser verdadeiro e, que de uma certa forma, conversa com o parágrafo anterior: se as mulheres fossem mais exigentes, os homens seriam obrigados a serem melhores. Se na época de Edward as mulheres eram desvalorizadas, hoje as mulheres se desvalorizam. 1º caso: voz passiva analítica. As mulheres (sujeito paciente que sofre a ação do agente da passiva) eram desvalorizadas pelos homens (agente da passiva, quem pratica a ação de desvalorizar). 2º caso: voz reflexiva. As mulheres praticam (são agentes) e sofrem (são pacientes) a ação de desvalorizar. É como Tina Fey disse tão brilhantemente em “Meninas Malvadas”: “Se vocês ficarem se chamando de vadias e vagabundas, isso só vai dar aos homens o direito de chamarem vocês de vadias e vagabundas”. Ou seja, se você se desvalorizar, só vai dar aos homens o direito de te desvalorizar também.

Acho que todas nós, mulheres, meninas, pessoas que gostam de homens, merecem um Edward Cullen (tá, todas não, existe muita vaca por aí que merecia um Norman Bates como namorado – se você não sabe quem é Norman Bates, veja “Psicose”, clássico do diretor e mestre do suspense, Alfred Hitchcock). Enfim. Merecemos um Edward Cullen, mas ele não existe. Injusto, não?? Totalmente. Mas, por mais que sonhemos em ter um Edward Cullen, não dá pra bancar a Bella Swan. Por quê? Bem, se o Edward não existe, não faz sentido agir como a Bella na esperança de um menino fofo qualquer se transformar no Edward. AAAH, CONFUSÃO! Meus neurônios se enrolaram todos. Vou por partes. A Bella faz tudo pelo Edward, sua vida É o Edward e ela estava disposta a nunca mais ver sua família para passar a eternidade ao lado do cara que ela ama. Vááários erros aí:
*Bella faz tudo por Edward, que faz tudo por ela. Você NÃO vai encontrar um cara que vai fazer TUDO por você. Então você NÃO vai fazer tudo por ele, combinado?

*A vida de Bella é Edward e vice-versa. Se você acha que seu namorado é sua vida, você tem sérios probleminhas. Falo por experiência própria. O centro da sua vida é você, não o seu namorado, sua mãe ou o Justin Bieber. E se você não se colocar no centro da sua vida, acredite, você vai sofrer muito lá na frente.

*Bella estava disposta a nunca mais ver sua família para passar a eternidade ao lado do cara que ela ama. Eu conheço pessoas que abandonaram a família pra casar. Depois de alguns anos, elas foram abandonadas pelas pessoas com quem casaram. NUNCA abandone as coisas que você gosta de fazer ou as pessoas de quem você gosta por causa de um relacionamento. A não ser que você goste de beber e fumar, aí você pode e deve abandonar o cigarro e o álcool, porque isso pode te matar =D

Olha, amor é muito importante, sim, mas não deve ser tratado como o ponto principal da sua vida. Aí você deve estar pensando: “Nossa, coitada! Deve ter levado um pé na bunda muito feio”. Sim, leitor, levei um pé na bunda muito feio. Quando estava no Ensino Médio, sentia muita pena de um cara que eu conhecia que sempre falava sobre como o amor não era nada daquilo que a gente achava. Além disso, ele falava muito mal das mulheres. Eu e minhas amigas sempre falávamos: “Nossa, ele deve ter levado um fora horrível”. Hoje eu vejo que ele é quem tinha motivos para sentir pena de nós.

Todas essas ações da Bella fazem sentido dentro do contexto do livro. Mas não vivemos num livro da Stephenie Meyer, ou numa comédia romântica, ou numa tragédia shakespeariana (leia-se “Romeu e Julieta”). Sugiro que não se deixem levar tanto pelas emoções. Antes de tomar alguma decisão levada pelo seu coração, pense com o outro órgão que, literalmente, é tão importante quanto o coração: o cérebro. Acho que é isso: coração e cérebro não devem ser rivais, mas sim aliados. Se você conseguir equilibrar os dois, sua vida provavelmente vai ser bem menos problemática!

4 comentários:

  1. O cara q vc mencionou naquela parte do Ensino Médio foi o Zé, acertei?? hahaha Pouco óbvio né...

    Cara, eu acho que ele é que estava certo o tempo todo! O amor não é realmente tudo o que nós imaginamos, porque realmente CRIAMOS tudo isso. O que é o amor na verdade? É isso que nos faz sentir tão bem em um momento e tão mal pouco depois? Talvez seja! A vida não é rosa com bolinhas; é cinza, é azul, é amarela (irc, amarelo! Sim, a vida é cheia de coisas que odiamos também!), é quadrada, listrada, ou um círculo mesmo, já que tudo pode se repetir! C'est la vie, cheia de incertezas, ilusões, decepções, mas olha, TEM um lado bom sim - e tem amor também - tem as realizações, as euforias, os momentos inusitados, surpresas boas, e ruins. NÓS é que fazemos a vida, seja ela problemática ou não tanto assim (porque problemas, todos temos, mas em hora e intensidade diferentes). Às vezes pisamos feio na bola e logo em seguida sai um gol. Questão de sorte, destino, carma? Sei lá, só sei que cabe a mim, a você, a seja lá quem for, aproveitar cada momento. Uau, sinto um texto auto-ajuda hein! haha

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  2. Tudo será uma droga se você não tiver moderação. É, pois é.
    Li em 2008 a saga Crepúsculo, e sim, a forma como foi escrita é meio chatinha. Mas a história em si cativa pelos personagens, e Edward é realmente idealizado. Acho que porque muita gente já sofreu por causa dos não-Edwards, haha.
    É uma pena que maioria dos homens tenham um ego gigantesco e acham que você é obrigada a passar seu número de telefone e dizer "dane-se" pra você.
    Não, no meu mundo...
    E obrigada por sempre me deixar desabafar nos comentários :D
    Beijos e por mais ausente, continuo aqui! <3

    narradorapersonagem.blogspot.com

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  3. "Às vezes pisamos feio na bola e logo em seguida sai um gol." - Nossa, TOTALMENTE verdade, Carol! E A MINHA VIDA NÃO É AMARELA!! Como vc disse, NÓS que fazemos a vida, e a minha DEFINITIVAMENTE NÃO É amarela hsauhsuahsuahsuash

    Autoraaaaaaaaaa! Nossa, que saudades de você!! Fazendo o que da vida??

    E pode desabafar o quanto quiser, blogs são pra isso ;)

    Beijosss :*

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  4. Bom, por enquanto já fiz o que tinha que ser feito. Agora estou apenas nas expectativas para poder organizar meus planos para esse ano ;)
    E então? Publicada hein? Que sonho *-*
    Adoro desabafos em comentários, hahaha!
    Beijo!

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