Viagem e família são duas coisas esdrúxulas por natureza. Quando você junta as duas então, ferrou: é bizarrice atrás de bizarrice. Ontem eu voltei pra casa e pude comprovar isso no trajeto.
*1º - 7 pessoas num Escort – É impressionante. Quando você está viajando, quem está dirigindo acha que o próprio carro é um daqueles fusquinhas de palhaço de filme (aqueles dos quais saem 15 pessoas). Sempre cabe mais um, então lá fomos nós. Meus pais na frente e eu, minha irmã, minhas duas primas e minha tia no banco traseiro (minha irmã no meu colo e uma das minhas primas no colo da minha tia – ps: minha irmã pesa 30 kg e minha prima pesa 38). 7 pessoas mais a bagagem, que incluía meu violão, 3 cobertores, 4 travesseiros, 5 malas, sacos de sapatos, entre outros.
*2º - Engarrafamento – O trajeto que era para ser percorrido em 1h50, 2h foi feito em 3h40m. Por quê? Por causa de um caminhão da Nutella que quebrou no início da ponte Rio-Niterói! Passamos 1h naquela ponte e eu pensei: “Ah, tudo bem. É hora do rush, por isso que está engarrafado”. Não. Foi por causa do caminhão, que ainda estava no MEIO DA PISTA!!!
*3º - A gasolina – O que você faria se, no meio do engarrafamento da ponte, seu pai virasse para todos no carro e dissesse: “A gasolina tá acabando e esse carro vai parar. Só resta saber onde...”? Provavelmente faria a mesma coisa que eu: gritaria em pensamento “FU”. Felizmente conseguimos chegar ao posto de gasolina antes do carro pifar.
*4º - Pessoas passando mal – Sempre alguém passa mal em viagens de carro. Seja um enjôo, glicose baixa, pressão baixa... Dessa vez foi minha tia, que, no engarrafamento, começou a sentir a pressão abaixar. Ninguém tinha nada salgado para comer e no meio da ponte não existem vendedores do biscoito O Globo. Detalhe: quando os vendedores começaram a surgir o trânsito começou a andar! Ou seja: a minha tia foi até em casa passando mal.
*5º - As músicas – Se você tem um mp3, mp4, iPod e/ou algo do gênero, beleza: você vai escutando sua musiquinha feliz e contente, sem precisar se preocupar com a rádio chinfrim do carro. Eu até tenho um mp3, mas os fones... O fio dos meus está todo quebrado e eu e minha prima ficamos praticamente disputando: ela ficava mexendo na antena do mp387 dela pra (tentar) ver a novela e eu ficava mexendo no fio pra conseguir escutar alguma coisa num ouvido só, porque o meu fone esquerdo já parou de dar sinal de vida há muito tempo. Aí na metade do caminho eu desisti e fui escutar a rádio do carro mesmo (uma desgraça, mas era isso ou escutar o celular da minha irmã: a criatura só tem DUAS músicas no celular – “Baby” e “One time”, do Justin Bieber – e ela foi O CAMINHO INTEIRO escutando as MESMAS DUAS MÚSICAS!!!!). Ah, já ia esquecer: Getúlio Vargas fez muitas coisas ruins pro Brasil. Mas a pior delas, definitivamente, foi a criação da “Voz do Brasil”! Alguém aí conhece alguma pessoa que ouve, de boa vontade, a “Voz do Brasil”? Aliás, alguém aí consegue entender o que as pessoas falam com aquele som maravilhoso da “Voz do Brasil”? Aliás, alguém aí conhece alguém que escuta a “Voz do Brasil”?
*6º - Necessidades fisiológicas – Quando a viagem tá no começo ainda dá pra aguentar. Mas depois da primeira hora começam a surgir as vontades: de ir no banheiro, de beber água, de comer algo, de dormir, de se mexer, dá um calor insuportável... Acho que a pior é o desejo incessante de ir no banheiro. Ontem, em qualquer posição que eu ficava naquele carrinho de palhaço, os meus braços pressionavam a minha bexiga!
É, só lembro desses momentos... Mas viagens são (quase) sempre esdrúxulas. Pense: você já teve uma viagem totalmente normal? Provavelmente não.
Coisa esdrúxula bônus
Minha prima de sete anos perguntando:
- Aquilo ali é um navio?
- É sim, Mel.
- Ih parece o navio daquele cara que canta, o Carlos Aberto.
- Carlos Aberto?
- É, aquele que canta “Como é grande o meu amor por você”.
- Mel, esse é o Roberto Carlos!
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