Você fala num "eu que é vós". Assim que me sinto. Eu sou você. Penso como você. Talvez seja apenas questão de tempo para começar a me comportar como você. Ao falar da sua juventude, você se descreveu como eu sou: uma pessoa caótica, intensa, inteiramente fora da realidade da vida.
Quanto à escrita... apenas escrevemos. Não queremos saber a quem vai interessar os nossos textos, não somos profissionais, escrevemos quando queremos, não temos compromisso, obrigação - nem com o outro nem com nós mesmos - de escrever. Temos períodos de produção intensa e temos hiatos em que a vida fica intolerável.
"O adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia solta." O entrevistador pergunta: "A partir de que momento (...) o ser humano vai se transformando em triste e solitário?" "Ah, isso é segredo. Desculpe, eu não vou responder" E aí, depois de uns três segundos de pausa, vem a parte que me encheu os olhos de lágrimas e com a qual eu me identifiquei totalmente; acho que ninguém nunca disse algo tão verdadeiro pra mim: "A qualquer momento na vida. Basta um choque um pouco inesperado." Não preciso nem dizer qual foi o choque que me afetou...
Talvez sejamos consideradas pessoas herméticas. Mas nós nos compreendemos - ou pelo menos compreendemos o que escrevemos. E escrevemos sem a esperança de que o que escrevemos altere alguma coisa. "Por que escrever então?" te perguntam. Você responde: "E eu sei?"
Quando você fala dos jovens, diz que se surpreende porque eles "estão na sua". "Eu penso às vezes que eu estou isolada e, quando eu vejo, eu tô tendo universitários, gente muito jovem, que tá completamente ao meu lado." Também me surpreendo por me identificar tanto com uma pessoa tão mais velha que eu.
Eu sou você e eu te amo. Isso quer dizer que eu me amo também?
É bom se identificar com alguém que admiramos...
ResponderExcluirBoa noite, beijinhos!