(Victor Hugo)
Esse fim de semana foi deprimente. 1º porque eu tenho uma prova sobre o romantismo português na 4ª feira e tive que ler um resumo da biografia do Camilo Castelo Branco, o maior expoente do 2º romantismo em Portugal. O problema não foi exatamente ler isso; a questão é que a vida dele é desgraça atrás de desgraça, fracasso amoroso atrás de fracasso amoroso, ele tem uns pensamentos deprimentes com os quais me identifico totalmente e, para piorar a situação, que já estava bem ruim, ele se suicida depois de não aguentar mais uma série de doenças (inclusive uma cegueira). Veja algumas frases dele:
“D. Inês da Veiga principia a ser romântica ou desgraçada, que é quase o mesmo”
“Diante dos obstáculos que a vida levantava no seu caminho, somente a esperança numa vida d’além-túmulo podia sorrir-lhes [...] O Sol não entra nesse universo de trevas senão para melhor realçar as sombras ameaçadoras”
“Guilherme do Amaral é uma ‘vítima dos romances’. Ele não tinha feito outra coisa senão ler livros franceses, acabando por perder toda a ilusão: ‘Há em mim a preexistência de todas as desilusões’, e acrescenta: ‘Sou o símbolo da desesperança sobre a Terra’.”
“O amor só vive pelo sofrimento; cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo que é perfeito, ou aperfeiçoado, tem seu fim. A desventura é, pois, o motor do amor ou o seu fim; de qualquer maneira, constitui um valor que lhe está indissoluvelmente ligado. Ainda que o amor pareça conduzir à virtude e à regeneração, ainda que ele faça milagres, o desastre espreita-o”
“Eu estou sempre brincando (com a roda do meu infortúnio) como as crianças com os seus arcos.”
O pior não é me identificar com as frases; é me identificar com o seu romance mais famoso, Amor de Perdição, uma super tragédia, um “Romeu e Julieta” à portuguesa. O bizarro é que eu não me identifico com a Teresa/Julieta, mas sim com Mariana. É algo mais ou menos assim: Simão e Teresa se amam, mas suas famílias são inimigas e eles não podem ficar juntos (sim, você já ouviu essa história em algum lugar...). Mariana ama Simão e só tem interesse em amá-lo, não faz arapucas mirabolantes para roubar ele de Teresa nem nada; aliás, eu até acho que ela ajuda (ou pelo menos tenta ajudar) os dois a ficarem juntos. E o que eu tenho a ver com Mariana? Bem, o que eu sinto não é amor – longe disso –, mas uma quedinha por alguém que não gosta de mim e gosta de outra. E acho que essa outra também gosta desse alguém. Gosto demais dos dois para querer que eles não fiquem juntos. Isso pode até ser masoquismo, mas dou a maior força (ainda não abertamente, mas creio que seja questão de tempo). O que eu puder fazer para ver os dois felizes, eu farei - é uma coisa meio “A marca de uma lágrima” (Pedro Bandeira) também. Mas acreditem: isso é mais deprimente na teoria do que na prática.
2º fator que deixou meu fim de semana deprimente: eu nunca saio aos sábados (nem em dia nenhum), minha vida é um tédio e blábláblá. Nesse sábado, depois de ver os melhores momentos do “Comédia MTV”, “Katylene TV” e “Luzes da Cidade” (do Chaplin), fui ver uma versão de 2009 de “O morro dos ventos uivantes”, um dos meus dois livros preferidos (o meu outro é “O retrato de Dorian Gray”), à 01h da manhã. É, eu sei, deprimente demais. Se você não conhece essa história, é basicamente o seguinte: O pai de Cathy e Hindley Earnshaw traz de Londres um pobre e maltrapilho menino cigano, Heathcliff. Cathy se torna amiga dele, mas Hindley o despreza totalmente. Quando o pai morre, Hindley transforma Heathcliff num criado e este, obviamente p. da vida, promete que se vingará, não importa quanto tempo isso demore. Enfim. Cathy – o grande amor da vida de Heathcliff - se casa com Edgar Linton, o vizinho, e depois de 500 mil reviravoltas, Cathy morre (isso não é um spoil, já está dito no início do livro), Edgar morre, Hindley morre (o livro quase acaba por falta de personagem) e Heathcliff se vinga de todo mundo pelos filhos que eles tiveram. O filho que ele teve com Isabella (a vizinha, irmã de Edgar) sofre; a filha de Cathy com Edgar sofre; Hareton, o filho de Hindley, é um criado... Tudo isso por causa de um pé na bunda – menos o fato de Hareton ser um criado. Não sabemos o que devemos sentir em relação a Heathcliff. Amo-o e odeio-o. Sinto pena e raiva. Mas, ao mesmo tempo, me identifico totalmente. E penso, com muito medo: será que me tornarei vingativa, amarga e má por causa de uma decepção enorme que tive aos 17 anos? Infelizmente, eu assumo que isso me afeta mais do que o que devia afetar. São inúmeros os pensamentos negativos e problemas psicológicos que isso me trouxe. Eu sei que deveria amadurecer e pensar: “Relacionamentos terminam todos os dias. Por que você achou que com você seria diferente?” Para falar a verdade, não penso mais tanto no término em si – talvez já tenha superado essa parte. Sofro agora com as malditas consequências do pé na bunda. Sofro mais com a angústia nervosa permanente, com a minha solidão, que pode parecer paradoxal, porque estou sempre rodeada de gente. Quando estou rodeada de gente, estou bem mesmo. Porém, basta ficar um pouco sozinha para desabar. Sinto falta de alguém para passar o fim de semana, para contar TUDO o que eu penso sem medo de parecer ridícula, sinto falta de um colo para chorar. Nessa semana, enquanto estava meio desesperada num momento solitário na faculdade, escrevi o seguinte trecho no verso no meu “Amor de Salvação” (irônico, não?):
“Prestes a surtar de novo.
(Por que os meus surtos são sempre às quintas?)
Eu sinto um desespero, um calor por dentro e um frio por fora, meu coração se acelera e eu me arrepio. Não quero ir embora, mas não sei o que fazer aqui. Preciso de uma companhia, de uma pessoa para eu deitar no colo e chorar, para desabafar, porque eu não me sinto à vontade para contar tudo da minha vida, pra falar de todos os meus problemas no blog. Eu preciso de alguém com quem eu me sinta confortável para falar sobre tudo e para abraçar quando eu estiver precisando de um abraço. É isso que está me enlouquecendo, que tá fazendo com que eu bata a cabeça na parede e chore no ônibus.”
Na faculdade eu tenho companhia; em casa não. Entenderam porque eu passo o dia inteiro na PUC, mesmo quando eu não tenho aula?
Ju, tive que separar um tempinho pra ler esse post, que me deixou muito curiosa. Apesar de ser enorme (não que isso seja ruim), eu fiquei com olhos grudados até o fim.
ResponderExcluirE sabe, às vezes me sinto assim também. Mas depois eu fico imaginando, se nós tivéssemos tudo que desejamos agora, sempre iria faltar algo. Há poucos minutos atrás, eu estava realmente angustiada. Aí parei pra ficar refletindo, essa angústia que me faz tão mal.
Fiquei encontrando soluções pra ela. E sei lá, somos humanas não é? Faz parte um pouco de nós querermos sentir mais do que as outras pessoas.
Acho que na verdade, somos apaixonadas pelo sentimento enfatizado, principalmente aqueles que são compartilhados com outro alguém.
Comecei a pensar em pessoas que vi numa situação muito pior do que a minha. Sério...
E sobre aquele de quem você gosta/gostava, mude o foco um pouco. Converse com amigos diferentes e o que me ajuda muito é ajudar outras pessoas.
Então, quando a angústia vem, eu tento melhorar algo em mim. Tipo, eu tento ser mais paciente, amável com as pessoas, bem-humorada, menos irritada e mais prestativa. Isso acaba aproximando mais as pessoas de mim e vai apagando aquela dor.
poxa, juliana! mega vontade de te dar um abraço agora, entao considere isso um *abraço virtual*! =) quando acabar o estresse de G1 que tá agora vamos no cinema juntas de pois da facul, pode ser? =*
ResponderExcluirOwn, me considerei abraçada!! Claro, bora no Shopping da Gávea! Não precisamos nem ir ao cinema, só passear naquele shopping super esdrúxulo (tem uma loja que vende só cabides, outra que vende só sofás-camas e outra que vende só (atenção!) MAÇANETAS!!!!) já é bem divertido =D
ResponderExcluirPara a autora: essa semana eu só surtei mesmo na 2a e eu acabei saindo nos outros dias. Funcionou bastante, nem lembrei da minha heterônima! E na semana que vem não terei nem tempo de surtar.
Obrigada pelas dicas!
Beijosss