Sempre imaginei escritores, poetas e coisas do gênero como criaturas loucas, apaixonadas, boêmias e ensimesmadas. Escritores para mim usavam óculos e tinham uma escrivaninha de mogno com uma máquina de escrever, que era usada para criar as coisas mais geniais nos momentos de maior loucura. Na minha mente, não consigo imaginar um escritor sem óculos, um copo quase vazio de uísque e cigarros acesos se consumindo num cinzeiro na mesa de mogno.
Mas, então, vem a surpresa: eu sou uma escritora. Escrevo crônicas, reflexões, contos, já escrevi muitos poemas há uns 5 anos. Se escrevo bem ou não, é outra questão, o fato é que escrevo. Mais de 150 crônicas em menos de 10 meses. Às vezes, três poemas em um tempo de 50 minutos no colégio. Como diz Affonso Romano de Sant’Anna na sua crônica “Encontro com Bandeira”, “Naquela época, escrevia muito, trezentos e tantos poemas por ano. E não entendia por que Bandeira ou Drummond levavam cinco anos para publicar um livrinho com quarenta e tantos poeminhas”. Confesso que eu também não entendo. Sei lá se o meu fluxo de epifanias vai diminuir ao longo do tempo, mas espero não escrever apenas 10 crônicas por ano. Queria ter eternamente o fluxo de pensamento da Martha Medeiros, pra poder ser colunista. Hoje em dia, meus pensamentos epifânicos vêm de forma razoavelmente regular – dá pra escrever, em média, uns três textos por semana. Hoje, eu poderia ser colunista. Mas daqui a uns anos eu não sei, não posso prever o futuro do meu fluxo de pensamentos.
Quando eu disse que queria fazer faculdade de Letras, muitas pessoas perguntaram pra mim: por que você não faz jornalismo? Se você gosta de escrever... O problema é que eu nunca gostei de escrever, pelo menos até maio do ano passado. Eu dizia: eu estou entrando na faculdade de Letras pela literatura, porque eu gosto de ler, não de escrever. Hoje os papéis se inverteram um pouco e meu ritmo de leitura se reduziu bastante, inversamente proporcional ao ritmo de escrita. Quando, na aula de Formação do Leitor, no 1º período da faculdade, eu ouvi que aquela matéria culminaria também na formação do escritor, não acreditei. Fala sério, eu não sabia escrever. E de repente, meses depois de começar, tenho um texto publicado numa das maiores revistas teen do Brasil.
Eu não uso óculos, apesar de ser um sonho meu – sim, adoro óculos e acho super charmoso. Eu não tomo uísque porque odeio qualquer coisa que tenha gosto de álcool. Não fumo – meu pâncreas já não funciona direito, pra quê acabar com os pulmões também? Não tenho uma mesa de mogno, nem uma máquina de escrever. Tenho uma pseudo escrivaninha, que faz parte do meu armário, onde fica o meu computador rosa (tá, só o mouse, o teclado e a torre são rosa. O monitor é preto), junto com minha maçãzinha de clipes coloridos de papel, meu porta-copos da Pequena Miss Sunshine, um porta-celular de fiz de porta-lápis-cotoco, minha coleção de sapinhos e um porta-retrato magnético com um recorte do “PUC Urgente” escrito “Você conhece muito da PUC vendo o que de melhor passou por ela”. Nesse recorte, tem uma foto da Renata Vasconcellos, jornalista, e... do MARCELO ADNET!! Nesse porta-retrato ainda tem um ímã do filme “O Grande Ditador”, o meu preferido do Chaplin, um da Marla, a sobrinha do dentista do “Procurando Nemo”, um porta-copos do Johnny Depp e um coraçãozinho de papel escrito “Para: J. Lo. Valadão” que a Didi fez pra mim quando a gente tava no colégio. Não me parece nem um pouco com uma mesa de escritor =D
Esse texto me fez ter saudades da época que eu escrevia assim...
ResponderExcluirHoje em dia escrevo tão pouco...
OBRIGADA PELO CONSELHO,VOU SEGUI-LO E TENTAR MELHORA NA PONTUAÇÂO.
ResponderExcluirEU TO TENTANDO VER UM TEXTO PARA A REVISTA.É SO EU RELAXAR.
BJS