Na 6a feira, fiz algo que há muito não fazia: chorei. O motivo que desencadeu meu pranto foi banal, estúpido mesmo, mas acabei pensando: bem, já que estou chorando, é melhor aproveitar e chorar por tudo logo de uma vez. Chorei pelo meu primo; pela minha pseudo-depressão; pelos meus estudos; por problemas que não me sinto à vontade em expor aqui. Chorei com todo o coração e com toda a alma. Fiquei sem ar e comecei a hiperventilar (sensação familiar, que deixa o desespero menos desesperador). Me senti aliviada, como se meu interior estivesse sendo lavado. Por incrível que pareça, me senti genuinamente bem.
Não sei se gostar de chorar é uma atitude depressiva - creio que não. Mas, já que estamos falando disso, não posso deixar de escrever sobre a depressão. E sobre dementadores.
Se por acaso você não viu ou não lembra da saga Harry Potter a partir de "O prisioneiro de Azkaban", terceiro volume da série, dementadores são os guardas da prisão de Azkaban, que sugam toda a felicidade das pessoas, deixando o cilma frio e escuro. Ao ficar perto de um dementador, você tem a sensação de que nunca mais será feliz de novo. Como se livrar de um dementador? Com o feitiço do Patrono (no qual você grita, apontando a varinha para o dementador: "EXPECTO PATRONUM"!!). Para conjurar um patrono, você tem que se concentrar numa lembrança muito feliz. Se você só quer se recuperar do efeito que os dementadores tiveram em você, comer chocolate ajuda.
Como vocês puderam perceber, os dementadores são uma metáfora para a depressão - e a própria J.K. Rowling já admitiu isso. Quando eu estava chorando copiosamente na 6a, tentei lembrar de momentos felizes. Primeiro, vieram os piores momentos da minha vida. Mas, depois, vieram as alegrias. Jogar Guitar Hero com o meu grupinho do colégio (saudades, Pentagrama!), todas as cartinhas que a minha irmã já me mandou, o pessoal aparecendo no hospital quando eu fiquei internada, eu vendo uma mensagem, às 03 da manhã, da Tüppÿ, toda preocupada querendo saber se eu estava bem, porque ela não tinha me visto na faculdade naquele dia, todas as viagens de ônibus com a Bella, imagens de filmes, aulas legais, passeios pelas ruas de Casimiro de Abreu com a Aline... Aí pude conjurar meu "Patrono" e, com um sorriso no rosto, parei de chorar.
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