quinta-feira, 20 de maio de 2010

Precisando de epifanias e malandragem...

"Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Espernado o ônibus da escola
Sozinha
Calçada com minhas meias 3/4
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má
[...] Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade"
"Malandragem" - Cássia Eller

Lendo um texto sobre análise dos contos de fada, vi que a história só alcança um sentido pleno para a criança quando é ela quem descobre espontânea e intuitivamente os significados previamente ocultos. Esta descoberta transforma algo recebido em algo que ela cria parcialmente para si mesma. Ou seja, não adianta você dizer para seu filho ou irmão mais novo qual é a moral de "Chapeuzinho Vermelho", por exemplo. Deixe que ele descubra e assimile aquela moral. É como a História: não faz sentido impor uma ideologia, o povo tem que assimilar por conta própria ou a revolução não dá certo.

E por que eu estou falando isso? Porque a minha vida é assim (não sei se a de vocês é). Às vezes eu sei que estou fazendo algo que não está fazendo bem pra mim e escuto vários amigos me dizendo para eu não fazer mais aquilo. Mas enquanto eu não perceber por mim mesma, enquanto eu não tiver uma epifania gigantesca, eu não vou deixar aquilo pra lá, não importa o quanto meus amigos tenham me dito aquilo antes.

Logo, não é fácil para mim abandonar o Lobo Mau. Se não houvesse algo em mim que o aprecia, ele não teria poder sobre mim. Ele vai me devorar, mas me sinto atraída como se ele fosse um ímã gigante. Eu tenho que me desvencilhar dele porque quero, não porque tenho que - senão, me afastar vai ser tão ou mais doloroso que ser engolida viva. E quando meu ímã oscila entre ser o Lobo Mau e o Gato de Botas (do "Shrek"), tudo fica muito mais difícil.

Eu sou extremamente ingênua. E, por mais atraente que seja a ingenuidade, é perigoso permanecer ingênua toda a vida. Quando todas as minhas opções parecem perigosas, o que eu faço? Se vocês souberem a resposta ou tiverem uma ideia, respondam-me!!

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